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07.Agosto
Museu envia tapeçaria de Burle Marx a São Paulo para iniciar restauração

O Museu do Senado enviou a tapeçaria de Burle Marx para restauração em um ateliê de São Paulo. A peça foi um dos 21 bens públicos do Senado danificados nas invasões de 8 de janeiro. Estimada em R$ 4 milhões pelo Instituto Burle Marx, a obra, produzida em 1973 e com quase cinco metros de largura, foi arrancada da parede do Salão Negro, rasgada, urinada e molhada com pó de extintor de incêndio.

A contratação de uma empresa especializada foi necessária porque a equipe de restauradores do Serviço de Conservação e Preservação (SECPM) do Museu não dispõe de espaço físico nem de estrutura adequada para restauração de obras de arte de grande porte. Também não há mão de obra especializada em restauração de tapeçaria.

Segundo o restaurador Nonato Nascimento, durante os cerca de três meses em que o tapete ficará sob a responsabilidade do ateliê, servidores do Museu se revezarão para inspecionar as etapas de restauração.

— Além de acompanharmos todo o processo, na condição de servidores públicos responsáveis por resguardar um bem público do Senado, haverá também a transferência de tecnologia e conhecimento para nossa equipe — afirma.

O responsável

O restaurador encarregado do serviço é Raul Carvalho, que veio de São Paulo a Brasília nessa quarta-feira (2) para preparar o transporte, feito por caminhão. Com mais de 30 anos de experiência na recuperação de arte, ele diz que a responsabilidade no cuidado com a peça é gigantesca não apenas pelo valor monetário, mas pelo simbolismo.

— Não dá para desvincular a obra do fato histórico. Recuperar esse patrimônio tem um peso enorme. O nosso serviço só acaba quando o tapete for pendurado no Salão Negro — afirma.

Conforme o especialista, o tapete passará por um processo de várias etapas para recuperar os danos tanto da depredação quanto do tempo de uso. Numa primeira etapa, a obra será enviada ao Instituto de Pesquisas Nucleares (Ipen) da Universidade de São Paulo (USP), o único no Brasil a realizar um tratamento com base em irradiação ionizante para desinfetar e desinfestar.

As demais serão realizadas no ateliê de Raul. Serão feitos testes de morfologia e a sutura do rasgo. Há também um processo demorado de limpeza das fibras. Depois, será colocado um forro na parte de trás do tapete. Todo o tecido será costurado à mão, em material de poliéster. A fixação na parede do Salão Negro também exigirá um esforço diferente.

Toda a  restauração foi orçada em R$ 170,3 mil. Devido ao valor do bem público, foram contratados também uma transportadora especializada e um seguro, nos respectivos valores de R$ 37 mil e R$ 28,9 mil, totalizando R$ 236,2 mil.

Com informações de Valéria Castanho.