Até hoje, o senador Paulo Paim orgulha-se da sua capacidade de diálogo e negociação.
Afirma que um “bom sindicalista se mede não pelo número de greves que comandou, mas pelos acordos que firmou”.
Naquele biênio entre 1987 e 1988, havia um tema que se avizinhava complicado: o direito à greve.
As conversas entre campos opostos iam bem, mas em dado momento um dos representantes da direita estava longe do Congresso Nacional. Ronan Tito, senador por
Minas Gerais, havia ficado em sua fazenda, no interior do Estado.
Paim tinha pressa e buscou o contato. Obteve como resposta que então viajassem até a fazenda para seguir a conversa. O político gaúcho disse que não havia condições, mas Tito
colocou um avião à disposição.
“Foi um sufoco aquele teco-teco”, diverte-se hoje Paim.
As tratativas com o senador mineiro foram positivas, mas eram apenas o começo.
De volta à Brasília foi informado de que teria que passar por outras duas figuras icônicas daquela legislatura:
Mário Covas e Jarbas Passarinho.
O primeiro era uma caso, em tese, mais simples. E de fato assim foi,
o senador paulista concordou com o texto quase de imediato,
mas lembrou: “Por mim está bom, mas tem que ver com o Passarinho”.
Paim partiu ciente de que precisaria de muito mais habilidade de negociação para ter sucesso.
Veio a surpresa: “Fui lá. Ele era um homem muito culto, independentemente da posição política, liderava o Centrão.
Em cinco minutos ele leu o texto e me disse: ‘Vou defender na tribuna
que o texto está bom’”.
O texto foi lido e aprovado, com 288 votos. E fez valer a viagem no teco-teco.