Pesquisar no site
24.Novembro
Uma nova aurora é possível - Diário de Canoas

Novembro é o mês da Consciência Negra. Esse período nos chama a uma reflexão acerca do nosso papel enquanto seres humanos e cidadãos. Dezenas de marchas, debates e palestras estão ocorrendo de Norte a Sul do país. Atualmente, segundo a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, 362 municípios já adotaram o feriado de 20 de novembro, data que marca a morte do líder negro, Zumbi.Hoje, cada vez mais, estamos confortáveis para buscar soluções econômicas e sociais para os nossos problemas, mas em nossos debates não podemos deixar de considerar os indicadores sociais de desigualdade entre negros e brancos.O Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil 2007-2008,traz alguns dados que elucidam os nossos desafios e o abismo social existente na sociedade. Entre 1999 e 2005 o número de homicídios de negros cresceu 46,3%, tendo passado de cerca 18,8 mil para cerca de 27,5 mil pessoas. O número de mortos em todo o país por anemia falciforme foi 1.406 pessoas. Dessas, 62,3% foram identificadas como negras. Em todo o Brasil, no ano de 2006, havia 14,4 milhões de pessoas, com 15 anos de idade ou mais que eram analfabetas. Desse total, 4,6 milhões eram brancas (32%) e 9,7 milhões negras. O rendimento médio mensal real do trabalho principal dos homens brancos em todo o país equivalia a R$ 1.164, superior ao auferido pelos homens negros (R$ 586,26) e 200% ao recebido pelas mulheres negras.A população tem se mostrado a favor da aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, projeto de minha autoria, que traz uma série de políticas afirmativas para a população negra. Outra ação afirmativa que já está gerando excelentes resultados é o sistema de cotas. Precisamos implementar tais ações, gerar igualdade de oportunidades, a fim de construir uma sociedade cujo olhar se volte, efetivamente para todos. O mundo parou para celebrar a vitória do primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos, o grito dos excluídos foi ouvido nos cinco continentes. Isso prova que queremos, sim, aceitar a diversidade, que queremos, sim, valores sociais e ambientais. Estamos vendo que é possível avançar.Vamos fechar os olhos e abrir os corações para visualizar a bonita aquarela que é a sociedade brasileira. Precisamos observar que a riqueza do nosso povo reside na diversidade de negros, indígenas, brancos e orientais. Instituir o Estatuto da Igualdade Racial e a política de cotas é enfrentar com harmonia as desigualdades étnico-raciais.Senador Paulo Paim (PT/RS)