A possível retirada de certos inibidores de apetite do mercado brasileiro foi tema de audiência pública que o Senado realizou nesta segunda-feira pela manhã. Durante a discussão - que teve a participação de médicos, representantes do governo e de instituições de defesa do consumidor -, confirmou-se o caráter polêmico do assunto. VEJA MAIS Endocrinologista contesta proibição à venda de inibidores de apetite O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Dirceu Barbano, reiterou a disposição da entidade de banir do mercado os medicamentos à base de anfepramona, femproporex e mazindol (que são anorexígenos anfetamínicos) ou à base de sibutramina. Para se justificar, ele citou estudos técnicos e mencionou o fato de diversos países terem proibido ou restringido tais medicamentos. Por outro lado, a endocrinologista Rosana Bento Radominski, representante da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, questionou os estudos que recomendam o banimento. A médica disse que "não há necessidade de proibição, sendo mais recomendável um maior controle sobre o uso dessas medicações, para que elas sejam utilizadas corretamente e quando realmente forem necessárias". - A obsesidade é uma doença e precisa ser tratada - argumentou ela, acrescentando que "não existem medicamentos sem nenhum efeito adverso e que é preciso contrabalançar riscos e benefícios". Já o médico sanitarista José Ruben Bonfim, coordenador-executivo da Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamentos (Sobravime), criticou o uso desses tipos de inibidores, afirmando que o Brasil "não pode ser o último país do mundo a bani-los". Segundo ele, uma das principais razões para "essa defesa aguerrida" dos anfetamínicos e da subtramina são os interesses comerciais da indústria brasileira que fabrica esses produtos. A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), que promoveu o debate, deverá realizar mais uma audiência pública sobre o assunto. O presidente da comissão, senador Paulo Paim (PT-RS), informou que a reunião ocorrerá no dia 31 deste mês. Agência Senado