Pesquisar no site
05.Fevereiro
Como reduzir a taxa de desemprego - Jornal do Comércio

Com o seu deslocamento para o Ministério do Trabalho e Emprego, o ministro Ricardo Berzoini, que no primeiro ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu pelo Ministério da Previdência, assumiu a nova Pasta prometendo reduzir para um dígito - o que entendemos ser algo em torno de 9% - a atual taxa de desemprego no País, que atualmente se aproxima dos 13% da população economicamente ativa - a PEA.  Não bastasse esse desemprego, o trabalhador brasileiro enfrenta também sua maior conseqüência - a queda de rendimento, verificada pela redução sistemática dos salários, que vem ocorrendo desde 1998. No último ano, a redução da renda do trabalhador foi de 12%.  Diante das previsões para este ano de um crescimento do (PIB) Produto Interno Bruto da ordem de 4%, teoricamente a meta estabelecida pelo ministro poderia ser alcançada com pouca margem de erro. Falo teoricamente porque, como se sabe, nas economias modernas a simples retomada do crescimento econômico nem sempre é suficiente para a abertura de novos postos de trabalho.  Por isso, acho que a grave situação por que passa hoje o mercado de trabalho no Brasil, com as mais altas taxas de desemprego da nossa história, está a exigir atitudes ousadas dos governantes para que a crise que estamos vivendo não evolua para um quadro de comoção social, de conseqüências imprevisíveis.  É preciso correr contra o relógio. O Programa Primeiro Emprego, embora muito bem estruturado, ainda não surtiu seus efeitos para a criação dos quatro milhões de empregos previstos entre a população jovem. Os suspiros de recuperação econômica experimentados pela agricultura, a indústria e o comércio no período natalino também não responderam satisfatoriamente à expectativa de criação de novos postos de trabalho.saída emergencial seria a adoção de uma jornada semanal de 40 horas, que de imediato poderia gerar cerca de 3,5 milhões novos empregos. Objeto de projeto de lei de minha autoria, já aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, a redução da jornada tem se mostrado a forma mais moderna de combate ao desemprego. Os países que reduziram a jornada também reduziram o desemprego. Se o governo quer mesmo criar novos postos de trabalho, basta aprovar esse projeto.  A outra saída, mais ortodoxa, é ampliar a disponibilização de recursos para investimentos na construção civil. No Senado tramita um projeto de lei de minha autoria que dá novo direcionamento aos recursos captados em depósitos de poupança pelas entidades integrantes do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo. Nosso objetivo é destinar maiores recursos para a indústria da construção civil e em conseqüência ajudar na geração de empregos.  Nosso projeto se propõe a aumentar em cerca de 25% os recursos que devem ser obrigatoriamente aplicados no financiamento imobiliário para a construção de novas unidades habitacionais. A proposta é motivada no forte efeito multiplicador da indústria da construção civil, uma grande absorvedora de mão-de-obra sem maiores exigências de qualificação. Além disso, a construção civil possui uma cadeia produtiva bem ampla, podendo contribuir para o crescimento de diversos outros setores da economia, gerando com seu fator multiplicador novos empregos diretos e indiretos. A crise do emprego no Brasil tem suas origens no Governo Collor, que de forma irresponsável deu início à mais brutal abertura da economia brasileira, que levou ao fechamento de fábricas e à supressão de empregos.  O Governo Fernando Henrique aprofundou esse processo de globalização e ampliou ainda mais a questão do desemprego, com a privatização das empresas estatais e a redução do tamanho do estado.  São treze anos com o desemprego crescendo de forma avassaladora, fazendo uma média de um milhão de novos desempregados a cada ano.  O Governo Lula tem o desafio de encontrar solução para esse desemprego recorde, num quadro de economia em recuperação, mas ainda combinada com juros altos. A situação pode ser contornada com a aprovação daqueles meus projetos de lei: eles abrem o caminho sustentado para a geração dos empregos necessários para reduzir a um dígito a taxa de desemprego no país, como promete o ministro Ricardo Berzoini.Paulo Paim (PT-RS)