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16.Abril
Política de cotas e inclusão racial - Zero Hora

Falar sobre a plena cidadania da comunidade negra no Brasil é mexer em uma ferida há muito tempo aberta. Algumas pessoas ainda não estão preparadas para enfrentar esse debate e, por isso, apontamos as ações afirmativas como forma de resgatar o processo de exclusão a que foi submetido o negro em nosso país. É nesse contexto que se encaixa a política de cotas.   Há quem diga que o racismo poderia ser solucionado por meio de investimento direto nas bases da educação. A idéia é correta, mas os frutos de medidas assim só seriam colhidos daqui a algumas gerações. A questão é: que perspectiva dar às pessoas que hoje buscam entrar em universidades e no mercado de trabalho? Existem ainda os que vêem o sistema de cotas como uma espécie de racismo. Para nós, racismo é o que verificamos hoje.   Afinal, apesar de quase metade da população brasileira ser composta por negros ou afro-brasileiros, temos apenas 2% deles nas universidades. Isso sem falar da participação de negros na mídia, nos postos de trabalho e nos altos cargos públicos. Existe uma grande polêmica em torno das cotas nas universidades. Estipular 20% das vagas para negros e seus descendentes pode assustar, mas, e se pensarmos de maneira contrária? Podemos dizer que ficam garantidas aos não-negros 80% das vagas nas instituições de Ensino Superior. Não estamos dando, ao contrário do que alguns podem pensar, vantagens para os negros. É o oposto. A presença de negros nas mais diversas áreas de atuação é uma conquista, um direito adquirido. Em concursos, os negros farão as mesmas provas que os demais e terão de atingir as médias estipuladas.   Além disso, aqueles que não quiserem se valer das cotas poderão optar por disputar as demais vagas. Ressaltamos que não haverá inclusão social em nosso país, justiça na distribuição de renda ou diminuição da violência, se não trabalharmos para a inclusão social e racial. É por isso que defendemos a política de cotas. Ela é um fim, não um meio. Certa vez, o líder Nelson Mandela disse que "ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar". É o que buscamos. A pele não é e nem pode ser considerada um fator que defina a capacidade ou incapacidade do ser humano. Queremos assegurar a participação dos afro-brasileiros na vida econômica, social, política e cultural do país. PAULO PAIM Senador (PT-RS); RAUL JUNGMANN Deputado federal (PPS-PE);REGINALDO GERMANO   Deputado federal (PP-BA) Senador Paulo Paim (PT-RS)