Na conversa que mantive com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a bordo do avião presidencial que nos trouxe para a solenidade que deu início às obras de duplicação do trecho da BR-101 entre Palhoça (SC) e Osório (RS), tive a nítida impressão da vontade do presidente de recuperar o poder de compra do salário mínimo. O presidente entende que no momento em que o PIB aponta para um crescimento de mais de 5% este ano e que a economia apresenta os melhores índices da última década, não faz sentindo deixar a classe trabalhadora à margem desse crescimento. Assim, estaremos dando o primeiro passo para resgatarmos o salário mínimo como instrumento de distribuição de renda. Sem nos esquecermos de que o salário mínimo está ligado a programas como bolsa-escola, seguro-desemprego, salário-família, renda mínima, nos acordos e dissídios coletivos, no salário dos aposentados e pensionistas, nos pisos das categorias, na reativação do mercado interno e no salário mínimo regional, que é uma realidade no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro. Em 2004, quase 2 milhões de novos empregos foram criados na formalidade, ou seja, com carteira assinada e recolhendo os impostos, particularmente as contribuições previdenciárias pagas por patrões e empregados. Parte dessa massa salarial vai para os cofres da Previdência Social. Portanto, este é mais um argumento contra os efeitos do aumento do salário mínimo sobre as contas previdenciárias. A nosso pedido, o Congresso Nacional aprovou a instalação de uma comissão mista especial que terá a participação de senadores, deputados, líderes de empregados e empregadores, aposentados e representantes do Executivo para debater uma política permanente de reajuste para o salário mínimo. Essa comissão tem um prazo de 90 dias para ser instalada. É nesse foro privilegiado que o projeto de lei de nº 200, que apresentei em 2004 para vigorar em 2005, será exaustivamente debatido. A proposta garante um salário mínimo de R$ 300 mais o dobro do PIB, estendendo os mesmos percentuais aos aposentados e pensionistas. Já a antecipação do reajuste do salário mínimo para 1º de janeiro, que é vista com bons olhos pelo governo, deverá ser discutida na comissão especial. A antecipação do reajuste com o crescimento da economia servirá para calar aqueles que, a cada vez que se fala de aumento do salário mínimo, respondem com o fantasma do aumento do déficit da Previdência Social. Paulo Paim (PT-RS)