Lembro que na minha infância meu velho pai levava a mim e a meus irmãos para a praça principal de Caxias do Sul, onde ocorriam as comemorações do Dia do Trabalhador. Para nós, era mais um dia de festa. A inocência de calças curtas assim exigia: bolita, pião, futebol, pandorga... Mais tarde descobri que o seu Ignácio era getulista dos quatro costados. Anos depois, libertei os ensinamentos daqueles dias frios de 1º de maio. E foi com o "pulsar das minhas veias" que pude aos poucos compreender que não se morre por um ideal sem que um caminho seja aberto. Em 1886 alguns operários norte-americanos foram punidos por fazerem greve. As suas consciências embalam até hoje as mobilizações e debates em torno da vida dos trabalhadores. E cabe a nós, congressistas, estarmos sintonizados com a batida dos tambores que ecoam dos mais longínquos rincões deste país. Escutem o rufar... É dolorido. O Brasil tem uma das maiores taxas de juro do mundo e isso atravanca qualquer possibilidade séria de desenvolvimento. A especulação financeira campeia solta, e sem falarmos na concentração de renda. É de envergonhar ter que dizer que o Brasil ainda hoje está entre aqueles que figuram na OIT como um dos países que convivem com trabalho escravo e trabalho infantil. Mas sigamos em frente com outras considerações. Como devemos homenagear os trabalhadores brasileiros? Talvez com a redução dos encargos sobre a folha de pagamento transferindo-os para o faturamento das empresas? Isto geraria mais empregos, inclusive com uma jornada de trabalho menor. Com certeza essa medida não macularia o direito dos trabalhadores. Ou quem sabe se aprovássemos os futuros aumentos do salário mínimo e dos benefícios dos aposentados e pensionistas através de uma política duradoura? Por que não também aprovarmos o Estatuto da Igualdade Racial e o Estatuto da Pessoa com Deficiência? Ora bolas! Este Congresso já demonstrou que isto é possível. Não vamos esquecer que hoje o país tem um estatuto para os idosos com direitos assegurados e que é referência mundial. Podem até dizer que sou sonhador. Digam! Mas homenagear os trabalhadores brasileiros é garantir que todos nós outros, negros, brancos, índios, pessoas com deficiência, mulheres, idosos, crianças, enfim, todos os discriminados, tenham seus direitos constitucionais garantidos. Assim eu creio. Nem que eu tenha que voltar para os dias frios de 1º de maio. Paulo Paim - Senador PT/RS