A palavra “demagogia” vem do grego “ demos ” (povo) e do verbo “ ago ” (conduzir). Originariamente, esse termo foi utilizado no sentido de conduzir e de guiar o povo por legisladores e oradores da Grécia Antiga, como Sólon e Demóstenes, sem qualquer sentido pejorativo. Este outro sentido foi introduzido por Aristóteles referindo-se àqueles que exortavam o poder por meio da fala sem avaliar a realidade da situação. Pessoas que agiam de maneira corrupta e degenerada na política. Demagogia, atualmente, é um termo utilizado pelo adulador que se apóia nas bases das massas, estimulando suas aspirações irracionais e elementares e desenvolvendo promessas impossíveis de serem mantidas. Coisa que, ao contrário do que dizem aos quatro ventos alguns, não fazemos. É engraçado vermos que, ao ter nosso PLS 1/2004, aprovado na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, em caráter terminativo, o lobby de alguns atingiu um patamar tal que as pessoas saem falando impropérios sem, ao menos, saber de nossa trajetória. Mais, mostrando desconhecimento a respeito das funções de um senador. Nosso projeto estipula um percentual de vagas, com custos mais baixos, em cursos de graduação de instituições privadas de educação superior. Ou seja, não faz mais que oficializar uma prática já existente em muitas instituições privadas, principalmente nas sem fins lucrativos, que são as bolsas de ensino. Se o objetivo do Plano Nacional de Educação é garantir a educação superior para 30% dos brasileiros de 18 a 24 anos, é urgente que, além de aumentar as vagas gratuitas nas universidades públicas, sejam criados mecanismos de apoio aos estudantes carentes das instituições privadas da educação superior, hoje mais de 70% das vagas nos cursos de graduação no país. A idéia do projeto é que, para 15% das vagas, sejam cobradas mensalidades parciais. Quem seriam os beneficiados? Os estudantes com renda familiar “per capita” máxima de um e meio salário mínimo. Os 5% de estudantes mais necessitados (a terça parte dos 15%) farão jus a desconto de 80% da anuidade, ao passo que os 10% seguintes, que correspondem a dois terços do total de beneficiados, terão redução da ordem de 50%. Os beneficiários devem, para manter esse benefício, demonstrar freqüência e desempenho acadêmico suficientes. Ou seja, não há proteção ou privilégio para esses alunos. O processo e o controle de concessões serão regulamentados, em cada instituição, por colegiado representativo da comunidade acadêmica, ficando sujeitos à supervisão e acompanhamento oficial, inclusive, do Conselho Nacional de Educação. Como a idéia é proporcionar a uma parcela de jovens o acesso ao ensino superior, a matéria estabelece a vigência temporária de 15 anos, contados a partir da publicação da lei. Segundo o relator da matéria, senador Sérgio Zambiazi,”a medida tem o mérito de criar oportunidades de acesso à educação superior para jovens que não dispõem de meios materiais para arcar com o pagamento integral da anuidade escolar cobrada nas instituições privadas”. Além disso, as instituições privadas podem optar por aderir ao Programa Universidade para Todos (ProUni) ou ao que propomos. Os que falam em demagogia, sem o prévio conhecimento dos fatos, são hipócritas segundo definição do dicionário Aurélio: “afetação duma virtude, dum sentimento louvável que não se tem impostura, fingimento, simulação, falsidade”. Falar de algo ou de alguém, sem consistentes argumentos, isso sim, é hipocrisia. Afirmamos que, se ser demagogo é ser verdadeiro, é lutar pelos direitos de todo um povo, é apontar fontes de recursos, é denunciar o descaso diante da pobreza, é produzir argumentos firmes baseados em dados, números e pesquisas, sim, gostaríamos imensamente de sermos eternos demagogos. Demagogos como foram Sólon e Demóstenes, condutores do povo. Está na hora de acordar, deixar o egoísmo e os interesses particulares de lado, e de somar forças por aqueles que já não tem voz para falar, pois estão morrendo. Lamentamos muito que em nosso país tenhamos tanta hipocrisia. Paulo Paim - Senador PT/RS