O Congresso Nacional terá de enfrentar uma revisão da legislação trabalhista para adequá- la aos novos tempos. Mas isso deve ser feito com o máximo de cuidado para não aumentar ainda mais as dificuldades do trabalhador. Cerca de 50% da população economicamente ativa está na informalidade. Uma revisão da lei terá de incluir essas pessoas que não têm nenhum direito. Temos que ter maturidade. Afinal, a flexibilização da lei aumentou o desemprego nos países onde ocorreu. Na Alemanha os índices aumentaram de 4,8% para 8,7%; na França, de 9% para 11,3%; no Japão, de 2,1% para 4,7%; na Argentina, o aumento foi de 7,5% para 14,3%. Mudanças na CLT precisam levar em conta que na relação capital-trabalho o mais frágil é o empregado. É necessário garantir os direitos adquiridos e buscar a redução dos custos da contratação. Uma reforma trabalhista deve perseguir a geração de empregos, eliminando o trabalho infantil e o escravo. É fundamental a inibição das horas extras e a redução da jornada de trabalho para gerar emprego. O operário brasileiro trabalha em média 2.100 horas por ano; na Europa esse número cai para 1.400 horas. Estudos indicam a criação de três milhões de empregos se a carga for reduzida para 40 horas semanais, sem redução salarial. No futuro, será possível chegar às 36 horas, viabilizando sete milhões de empregos. Devemos garantir também a participação do trabalhador nos lucros das empresas, estabelecendo-se uma política de cumplicidade entre os agentes. O aumento da produtividade e o aumento do lucro farão com que todos ganhem. Creio que o Brasil dará um salto de qualidade na relação entre capital e trabalho. E isto vai ocorrer no momento em que houver respeito recíproco, de um lado com a ampliação da participação do trabalho na renda nacional, e, de outro, com melhores condições para a produção, a partir de juros menores e câmbio realista. Paulo Paim é Senador (PT/RS) e Presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal.