Às vezes me socorro da história Grega para fazer algumas reflexões sobre o cotidiano do Brasil. Acho isso saudável. E foi numa dessas incursões que pude ler o filósofo Diógenes de Sínope. Há 2400 anos ele caminhava pelas ruas de Atenas com uma lanterna acesa em pleno sol do dia. Alguns o chamavam de louco. Ele respondia que estava em busca de homens éticos e coerentes. Creio que chegou o momento de o Congresso ser iluminado pela Lanterna de Diógenes. Os senadores e deputados têm a oportunidade de varrer para o lixo os atos cínicos e corruptos que há anos entorpecem a vida política do país. Os últimos acontecimentos não são novidades. São décadas de crises. Em toda a história republicana do Brasil ocorreram mais de 600 pedidos de instalação de CPIs. Nos últimos 30 anos a imprensa divulgou o desvio de bilhões dos cofres públicos. Sou favorável à existência de ações concretas de investigação e se for o caso à punição com perda de mandato, devolução de tudo que foi indevidamente apropriado e a prisão dos responsáveis . Isto deve ser feito por um órgão independente. Nada de senador julgando senador e deputado julgando deputado. Desde 2003 foram apresentados 646 projetos relativos à criminalidade. Apenas dois sobre colarinho branco. O PLS 209/05 propõe que os crimes de corrupção ativa e passiva se tornem insuscetíveis ao pagamento de fiança e de liberdade provisória. Pasmem vocês, a proposta repousa em sono profundo. É preciso também que se discutam as causas. As conseqüências são as que presenciamos no dia a dia e, que são divulgadas pelos veículos de comunicação. Como já disse: os culpados devem ser punidos. Mas e as causas? Elas são como porteiras-abertas da corrupção. Portanto, há uma falha que deve ser corrigida. O Congresso necessita de uma profunda reestruturação na forma de atuação das CPIs, do Conselho de Ética e, principalmente, do Orçamento da União que é o espaço onde ocorrem os desvios de verbas públicas. Seriam essas algumas das causas? Creio que sim. E o que dizer da reforma política? Quando se toca no ponto essencial que são os financiamentos de campanha, tanto privado como público, a discussão acaba e tudo volta a estaca zero. Ao que se sabe, Diógenes não conseguiu encontrar o que procurava. Mas independente de tudo o que está acontecendo temos que continuar acreditando na Justiça e nas investigações do Ministério Público e da Polícia Federal. Paulo Paim - Senador PT-RS