O setor couro-calçadista brasileiro enfrenta uma de suas piores crises. Situação agravada pela valorização do real frente ao dólar que tem impactos diretos nas exportações. No Rio Grande do Sul já são 11 mil os desempregados e 35 as empresas que fecharam. E o estado hoje representa mais da metade do total das exportações brasileiras. De acordo com a Associação Brasileira dos Exportadores de Calçados (Abicalçados), em março deste ano, as exportações de calçados tiveram queda de 16% e de 11% no primeiro trimestre de 2005 em relação ao ano passado. A falta de investimentos e de crescimento industrial também contribui para piorar a situação. Esses fatores, aliados às altas taxas de juros, à política cambial e à limitação dos créditos de exportação, levam as empresas a diminuir o número de empregos gerados. Isso é comprovado pelos dados divulgados pelo Ministério do Trabalho no início do mês: no primeiro trimestre de 2004 foram gerados 33.259 empregos contra os 16.033 criados no primeiro trimestre deste ano. Dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) mostram que o Índice de Desempenho Industrial, no período de janeiro a março de 2005, apresentou uma queda em relação a 2004 de 6,4%. Isso demonstra uma desaceleração da produção industrial gaúcha. A diminuição de empregos e salários já é uma realidade nos Vales dos Sinos e Paranhana e na Região das Hortênsias. Empresas dessas localidades optaram em reduzir jornadas de trabalho ou em dar férias a seus funcionários como alternativa para evitar demissões. O fato não é isolado. Outros pólos calçadistas do país também enfrentam situação semelhante. Em um país em que cerca de cem milhões de pessoas ganham menos que um salário mínimo, a política de exportação merece especial atenção. Acreditamos que devemos caminhar, mediante amplo entendimento, para estabilizar o dólar em aproximadamente R$ 2,90. A pedido de empresários e trabalhadores gaúchos estamos, juntamente com os demais parlamentares gaúchos, conversado com lideranças do governo federal aqui no Senado Federal, com o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, e com o presidente do Banco do Brasil da região do Vale dos Sinos, importante pólo couro-calçadista. Nossa intenção é buscar soluções que possibilitem a recuperação do setor. Nesse sentido, salientamos a importância do Programa de Promoção Comercial que empresas desenvolvem em parceria com a APEX-Brasil e com o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) e, ainda, do Programa Brasileiro de Qualidade do Couro, que têm contribuído na superação das dificuldades, aumentando a competitividade do setor e conquistando mercados diversificados para nossos produtos. E mpresários e governo têm tentado demonstrar que o produto brasileiro possui qualidade e preço competitivo. Nossos empresários possuem potencial empreendedor capaz de superar as dificuldades, voltar a investir e gerar empregos para a nossa gente. Para isso, contamos com ações da equipe econômica no sentido de evitar a política cambial de supervalorização do real frente ao dólar, a alta taxa de juros e a elevada carga tributária, mistura que gera graves distorções econômicas. Senador Paulo Paim – PT/RS