No mês em que comemoramos o Dia do Trabalhador é importante voltarmos nossa atenção para significativa parcela de nossa população: os jovens. São milhares de cidadãos que por não terem qualificação profissional engrossam as filas de desempregados. São brasileiros não têm acesso ao ensino técnico profissionalizante ou às universidades. Por que, então, não reorganizar a educação profissional? Por que não possibilitarmos a esses jovens o acesso ao mercado de trabalho por meio da qualificação? Precisamos fazer uma adaptação do ensino às demandas presentes e futuras. Precisamos de uma educação flexível, adaptável às diferentes necessidades de qualificação exigida pelo mercado de trabalho. Por razões assim é que d efendemos o fortalecimento do Programa de Ensino Profissionalizante (PROEP). Também foram esses os motivos que nos levaram a apresentar no Senado Federal projeto que cria o Fundo de Desenvolvimento do Ensino Profissional e Qualificação do Trabalhador (FUNDEP), o PLS 274/03. Nosso objetivo é gerar trabalho e renda para nossos jovens e sua família, melhorando as condições de acesso ou de permanência dessas pessoas no mercado de trabalho. Coordenamos a Frente Parlamentar do Ensino Profissionalizante no Senado. E, a fim de discutir o assunto com os diversos setores da sociedade, entramos com pedido de Audiência Pública na Subcomissão de Trabalho e Previdência, a qual presidimos. Os modelos de sociedade e de desenvolvimento econômico brasileiros concentram a renda nas mãos de uma minoria. Fato que acaba tendo influência no modelo educacional brasileiro. Como conseqüência disso temos a diminuição do atendimento público e gratuito e o crescimento do número de escolas particulares. Isso não pode continuar acontecendo! Assim como defende a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) acreditamos que parte da dívida externa possa ser convertida em recursos para a educação. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) a idéia já é defendida em diversos fóruns internacionais. Já temos exemplos assim. A Argentina, por exemplo, obteve da Espanha o perdão de uma dívida de 60 milhões de euros. Costa Rica, Bolívia, Equador, Guatemala e México conseguiram a conversão de um percentual de suas dívidas em investimentos na preservação ambiental. Ou seja, essa poderia ser, ao lado dos recursos do FAT, por exemplo, mais uma fonte de investimento em educação. Precisamos encontrar meios para o desenvolvimento de políticas educativas que contribuam para a valorização do ser humano e para a redução das desigualdades sociais. Acreditamos que a responsabilidade de uma implementação na educação profissional deva ser compartilhada entre as múltiplas instâncias do poder público e da sociedade civil. Algo precisa e deve ser feito. É necessário pensarmos na idéia de termos uma rede nacional de escolas de ensino profissionalizante público e gratuito em todos os nossos municípios, respeitando a vocação de cada comunidade, de cada região. Seria importante termos pelo menos uma escola técnica em cada município, por menor que seja. Isso respeitando o número de habitantes. Assim, cidades maiores teriam mais escolas. Precisamos de políticas que possibilitem ao jovem brasileiro a oportunidade de optar pelo ensino profissionalizante de qualidade, se assim desejar, e garantindo o direito ao desenvolvimento de suas competências profissionais, tornando-os capazes para concorrer a uma vaga no mercado de trabalho cada vez mais competitivo. Paulo Paim é Senador da República pelo PT do Rio Grande do Sul e preside as Subcomissões do Trabalho e Previdência (CAS) e Igualdade Racial e Inclusão (CDH).