Pesquisar no site
07.Maio
Preconceito: mal a ser combatido

No mês de maio, o Rio Grande do Sul foi surpreendido por um fato que nos entristece: o preconceito. No dia 8, na Cidade Baixa, em Porto Alegre, três estudantes judeus foram agredidos por um grupo de skinheads neonazistas. Conhecidos por terem as cabeças raspadas, esse grupo existe em todo o mundo e vem disseminando a violência contra judeus, homossexuais e negros. A polícia já prendeu quatro agressores – segundo testemunhas eles eram dez. Todos com fichas criminais e jovens como os judeus agredidos. São garotos entre 20 e 26 anos, indiciados por homicídio, formação de quadrilha e discriminação étnica. O caso vem obtendo repercussão nacional. No último domingo (29), foi tema de matéria no Fantástico. Acreditamos que isso aconteceu não apenas em razão da brutalidade dos atos, mas, principalmente, devido ao ressurgimento de grupos neonazistas. As investigações policiais iniciaram em 2003 quando um punk foi assassinado em Porto Alegre. De lá para cá, outras ocorrências assim já foram detectadas. As investigações trouxeram muitas descobertas: alguns grupos espalham cartazes nas escolas a fim de aliciar novos jovens; promovem festas em que as músicas expressam o preconceito e o ódio racial; são contrários aos negros, aos judeus e aos homossexuais; e, possuem um código de conduta que determina, por exemplo, que nada seja dito, mesmo que sob pressão, e que, no caso de serem interrogados, nada seja inventado. A orientação é responder apenas “não sei”. Como dissemos, fatos que nos entristecem. Que suscitam uma série de questionamentos: o que leva uma pessoa a julgar a outra por sua cor de pele? O que faz essa mesma pessoa considerar os descendentes de outras raças como inferiores? A desprezar pessoas com orientação sexual diversa? Perguntas que nos dão a impressão de nem merecerem respostas, afinal, elas nem deveriam ser feitas. Infelizmente, ainda existem pessoas que pensam e agem de acordo com esses conceitos. Não podemos ser coniventes com atos como os que aconteceram a esses jovens judeus, nem permitir que eles se proliferem. Nossa sociedade está impregnada de idéias e conceitos errôneos, pré-concebidos. Alterá-los é bastante difícil, mas não impossível. Vemos a busca por essas mudanças nas mais diversas esferas. Mulheres, negros, índios, pessoas com deficiência, trabalhadores, enfim, as chamadas minorias (na maior parte das vezes: maiorias) lutam dia-a-dia pelo reconhecimento de seus direitos. Por igualdade e respeito. E as conquistas começam a aparecer, inclusive no campo das políticas públicas. Espaço para as mudanças sociais e culturais. Como exemplo citamos o projeto “Cantando as Diferenças”. Uma iniciativa de nosso gabinete do Estado, em parceria com diversas instituições, que pretende integrar as pessoas em suas especificidades individuais, culturais e sociais. Isso tendo como base projetos de nossa autoria, os estatutos do Idoso, da Igualdade Racial e da Pessoa Portadora de Deficiência. A elaboração e discussão de políticas assim têm um propósito: minimizar os problemas e, futuramente, extingui-los. Defendemos que o fim do preconceito, das discriminações, do racismo, passa pela mudança dos conceitos de nossa sociedade. É uma mudança cultural já iniciada, mas que ainda precisa avançar muito. As pessoas precisam aprender a respeitar umas às outras. Acreditamos que haverá o dia em que todas as perguntas feitas acima farão parte do passado, serão obsoletas. Paulo Paim é Senador da República pelo PT do Rio Grande do Sul e preside as Subcomissões da Igualdade Racial e Inclusão (CDH) e do Trabalho e Previdência (CAS)