Paulo Paim senador da República pelo PT do Rio Grande do Sul, preside as Subcomissões do Trabalho e Previdência (CAS) e Igualdade Racial e Inclusão (CDH) 1º de maio, Dia do Trabalhador. Nunca é demais lembrarmos as origens desta data. Neste dia, em 1886, operários norte-americanos lideraram uma greve por melhores salários, pela redução da jornada e contra o trabalho infantil. O ato foi punido no ano seguinte com mortes por enforcamento. Uma ação bárbara que deu origem, em todo mundo, a mobilizações e debates em torno dos assuntos que permeiam as vidas dos trabalhadores. É importante, nesta data, refletirmos sobre o que aconteceu nesses 119 anos em nosso país. Veremos que ainda há muito por fazer. O Brasil possui taxas muito altas de desemprego – de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em março deste ano o índice atingiu 10,8% da População Economicamente Ativa. O emprego informal cresce sem garantias para os trabalhadores. Temos ainda o problema dos trabalhos escravo e infantil. É lamentável que em pleno século XXI estejamos na lista da OIT, figurando entre os países que ainda não resolveram essas questões. É importante, hoje, ressaltarmos que a abolição da escravatura no Brasil só ocorreu em 1888, dois anos após a data histórica que estamos comemorando. Enquanto uns morriam pelos direitos trabalhistas, aqui milhares tombavam em busca da liberdade. Precisamos homenagear nossos trabalhadores. Como? Diminuindo as taxas de juros. A do Brasil é de 19,5% ao ano, a mais alta do mundo. Distribuindo de melhor forma a renda a fim de elevar a qualidade de vida de nosso povo. Não podemos continuar sendo um país de extremos. Homenagear o trabalhador é aprovar a PEC Paralela da Reforma da Previdência. Um amplo acordo entre Legislativo, Executivo e servidores que até hoje não foi cumprido. É instalar a Comissão Mista para definirmos uma política permanente para o salário mínimo. Ainda muito baixo, apesar de ter tido um aumento maior que no ano passado. É permitir que seja feita auditoria nas contas da Seguridade Social nos últimos dez anos. Nós, a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Previdência (Anfip) e a Confederação Brasileira de Aposentados, Pensionistas e Idosos (Cobap) dizemos que há superávit, já os governos alegam déficit. Homenagear os trabalhadores brasileiros é assegurar que nossos jovens tenham acesso ao ensino profissionalizante e às universidades. É garantir a eles a inserção no mercado de trabalho, o primeiro emprego. É não nos esquecermos daqueles que estão desempregados por estarem com mais de 40 anos, hoje tão discriminados. É olharmos com mais atenção para projetos de geração de empregos para trabalhadores experientes. É enfrentar o debate da redução de jornada de trabalho sem redução de salários. Por meio de uma política de incentivos, a exemplo do que aconteceu na França, podemos gerar aqui cerca de sete milhões de empregos. É discutir a reforma agrária com política agrícola. O assunto não pode ser tratado como tabu. Devemos garantir a permanência do homem no campo, sem conflitos, mas sim por meio da paz. É aprovar os estatutos da Igualdade Racial, da Pessoa com Deficiência, dos Índios e das Mulheres. É tratar as maiorias como tal, não como minorias. Homenagear os trabalhadores é olhar para os mais de 24 milhões de aposentados e pensionistas. Principalmente aqueles que não tiveram sequer o mesmo percentual dado ao salário mínimo: 15,9%. Se não concedermos aos vencimentos desses cidadãos o mesmo percentual de reajuste dado ao mínimo, daqui a dez anos eles estarão recebendo apenas um salário mínimo. É olhar para os servidores públicos, civis e militares. Por que não podemos ter uma política de recuperação de seus vencimentos? É discutirmos com equilíbrio a PEC 369/05, que propõe a reforma sindical. Isso porque é uma matéria polêmica e que divide o movimento sindical brasileiro. É garantir verbas para educação, saúde, habitação. Com essas medidas citadas estaremos, de fato homenageando cada um dos milhões de trabalhadores de nosso país. Infelizmente, vivemos em um país em que os extremos são acentuados. A desigualdade social e econômica é imensa. É por isso que hoje fazemos um alerta: homenagear nossos trabalhadores, insistimos, é aprovar propostas que vão ao encontro dos anseios do nosso povo. Para tanto, precisamos olhar para trás. Alguns não querem isso, mas apenas assim, olhando para o passado, é que poderemos entender o momento atual e projetar o futuro de nossa gente.