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01.Julho
Aprendendo com Thiago de Mello

Senador Paulo Paim Foi num desses intervalos entre audiências públicas e sessões plenárias, quando os parlamentares ficam conversando com jornalistas, que me foi perguntado qual o meu maior orgulho nesses trinta anos de vida pública. De pronto respondi que talvez essa palavra em si não seja a mais adequada e sim, aquilo que mais me deu e continua dando alegria e forças para seguir lutando.  E, para essa pergunta a resposta é: o fato de nunca ter deixado fugir do meu peito, nem por frágeis segundos ou tormentas que o destino nos aplica, as minhas profundas convicções deixadas como herança pelos meus pais. O embate pelo fim do fator previdenciário e a valorização das aposentadorias e pensões é uma luta que venho travando há anos tanto no Congresso Nacional como nas assembléias legislativas, câmaras de vereadores e em todos os espaços da sociedade que nos chamam e que se dispõem a participar do processo deixando de lado querelas pessoais, políticas e ideológicas. Tenho aqui o dever de reconhecer que tem estado junto conosco, na mesma trincheira, a Confederação de Aposentados e Pensionistas (Cobap), o Fórum Sindical dos Trabalhadores, as confederações, as federações e as centrais sindicais. Todos os projetos “linha de frente” que beneficiam os trabalhadores brasileiros, aposentados e pensionistas, tem a nossa marca e a nossa autoria. Uns iniciaram tramitando na Câmara dos Deputados durante os trabalhos da Constituinte, ainda quando estava naquela Casa. Outros estão no Senado. Muitos já foram aprovados nas comissões e estão prontos para votação no plenário. Mas há de se lembrar que o fim do fator previdenciário já foi aprovado por unanimidade pelos senadores (PLS 296/2003) e atualmente está na Câmara (PL 3299/2008), nas mãos dos deputados. O grande valor do processo democrático é o espaço proporcionado para o debate, o diálogo e também a cobrança, tanto no Legislativo como no Executivo. Agora temos que ter consciência que o caminho não é de mão única como nos tempos de exceção, da ditadura militar. Existem aqueles que são favoráveis a determinadas posições, como o fim do fator previdenciário, e há aqueles contrários, mas esses últimos não impedem, e muito menos inibem, a nossa atuação, tendo em vista que estamos muito bem embasados com argumentos que apontam que o fator previdenciário é um verdadeiro crime institucionalizado contra os trabalhadores.   Depois de tanto alertar a população sobre a gravidade da incidência do fator previdenciário nas aposentadorias e de tantas andanças pelo país, percorrendo as mais interioranas comunidades, conhecendo e abraçando a nossa gente, tenho a alegria de saber e de dizer, que a sociedade como um todo compreendeu a nossa luta e nos tem dado total apoio. Tanto isso é verdade que o próprio governo federal também já entende que é fundamental a construção de uma alternativa ao fator previdenciário bem como a valorização dos aposentados e pensionistas. O resultado de tudo isso, eu espero, seja o melhor para todos e para o país.   Desde os meados do mês de abril vem ocorrendo reuniões, quase que diárias, entre técnicos do meu gabinete com técnicos do Ministério da Previdência Social e representantes da Cobap. Já participei de algumas junto com o ministro Garibaldi Alves  e só não fui a todas elas em virtude de outras responsabilidades, como a de presidir a Comissão de Direitos Humanos e atuar nas comissões de Educação, Assuntos Sociais, Desenvolvimento Regional, Ciência e Tecnologia, e de ser indicado pelo meu partido para integrar o Parlamento do Mercosul. Por uma questão de justiça defendo  ainda uma Previdência universal onde os direitos e benefícios dos servidores públicos sejam estendidos aos aposentados e pensionistas do Regime Geral da Previdência Social (RGPS). Portanto, a fórmula é simples: fim do fator previdenciário = criação de uma idade mínima para os trabalhadores da iniciativa privada = regras de transição semelhantes aos dos servidores públicos. Tudo está previsto na emenda à Constituição (PEC 10/2008), de nossa autoria, que tramita na Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal. Com a mesma paixão dos meus quinze anos e com a pureza dos sentimentos de uma criança que se sente importante perante Deus, eu acredito entusiasticamente que a nossa luta não será em vão. Os nossos cabelos brancos até podem demonstrar que as braçadas nos deixaram cansados. Mas a nossa convicção ainda é a mesma. Se o tempo e os anos  me permitem,  eu trago para junto de  mim e ofereço a vocês as sábias palavras do poeta sem fronteiras  Thiago de Mello: "Não tenho caminho novo. O que tenho de novo é o jeito de caminhar".