O projeto que institui o Estatuto do Motorista produz efeitos que vão além das fronteiras do país, alertou o vice-presidente da Associação Brasileira dos Transportadores Internacionais (ABTI), Francisco Carlos Cardoso. Em audiência realizada na sexta-feira pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), ele observou que as inovações do texto, de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), geram impacto sobre profissionais e empresas transportadoras dos países que fazem fronteira com o Brasil, especialmente os do Mercosul. — Precisamos pensar sobre como trataremos os profissionais e empresas estrangeiras quando seus veículos entrarem em nosso país. A questão é saber sobre qual bandeira e legislação eles devem atuar — disse Francisco Cardoso, acrescentando que os vizinhos estão preocupados, especialmente os parceiros do bloco. José Alves Couto Filho, representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Terrestres (CNTTT), salientou que filas em aduanas e operações de embarque ou desembarque são uma adversidade na vida dos motoristas. Couto Filho apelou para a união dos motoristas em defesa do estatuto, pois, do contrário, salientou, a categoria "não vai chegar a lugar algum". Ele reafirmou o apoio da entidade à estratégia de levar o projeto a debate em audiências por todo o país. Como disse, será a oportunidade de "mostrar o que os motoristas pagam" nas estradas, em longas jornadas de trabalho. Neori Tigrão, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Autônomos de Carga (Sinditac), afirmou que a principal reivindicação do segmento para o estatuto continua sendo a garantia da aposentadoria aos 25 anos de trabalho, extinta por reforma previdenciária.