O tema pobreza não é fácil de abarcar, pois ao falarmos sobre ela devemos estender nossa visão sobre um mundo que envolve todo tipo de privações e sentimentos que devem ser muito controversos. Rimar dor com amor é fácil, mas viver essa dualidade não é tão simples assim. Compreender o significado da igualdade, mas não vivenciá-la é atroz. Saber que direito é algo que deveria estar ao meu alcance e no entanto passa longe de minhas mãos, é frustrante.A pobreza foi alvo de estudo do IPEA que se baseou em dados da Pnad. Ficou comprovado que 14 milhões de jovens brasileiros, na faixa etária entre 15 a 29 anos, o que corresponde a 30,4% da juventude do país, associam a vida à extrema pobreza. Eles vivem em uma realidade familiar muito difícil, onde a renda per capita é de até meio salário mínimo. Apenas 15,8% dos jovens brasileiros vivem em famílias com renda superior a dois salários mínimos.A pesquisa demonstrou ainda, que cerca de 4,6 milhões de jovens estão desempregados, embora tenha sido revelado também que, ao longo dos anos, suas condições de vida têm melhorado em aspectos como o trabalho formal, que vem se intensificando, sem falar no nível de escolaridade que, felizmente, vem aumentando.Os trabalhadores que se encontram em condições análogas à escravidão, por exemplo, são uma das faces da pobreza. O Grupo Especial de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho e Emprego resgatou, desde 1995, mais de 31 mil trabalhadores nessas condições.É certo que nós já avançamos em nossa luta para vencer a miséria e os programas sociais são uma prova disso mas, ela ainda tem deixado pessoas à margem dos direitos mais básicos. Passar os olhos pela pobreza não é o mesmo que sentir fome, que dormir ao relento, que sentir dor e não ter como por fim a ela. Não é, nem de longe, o mesmo que perceber o mundo sem se sentir parte dele. Uma sociedade só se torna vencedora quando a pobreza que um único ser humano vivencia passa a ser sentida por todos e quando todos se imbuem da consciência de extirpá-la, sabedores de que, então sim, serão felizes. Senador Paulo Paim (PT/RS)