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20.Maio
PRECONCEITO - DISCRIMINAÇÃO ZERO - Correio do Povo

O Brasil é um país de grande magnitude, com um crescimento reconhecido mundialmente. Porém, o que nem todos sabem é que também somos a maior nação negra fora da África e nem que fomos o último país a abolir a escravidão: em 1888. A Abolição da Escravidão foi muito esperada; porém, passados 120 anos, nossa realidade nos mostra que ela foi inconclusa. Hoje, a maioria dos negros mora em favelas. De cada dez assassinados, oito são negros. Eles ainda ocupam postos de menor destaque e recebem salários mais baixos. Conforme pesquisa do Ipea, a renda dos negros equivale a 53% da renda dos brancos. Dos trabalhadores sem carteira, 55,4% são negros, e no serviço doméstico eles são 59,1%. O desemprego atinge os negros em 1 milhão a mais do que os brancos. A remuneração bruta de um branco é de R$ 1.087,14, enquanto a de um negro é R$ 578,14. Após 120 anos, os indicadores no caso da falta de acesso a água, esgoto e saneamento básico ainda favorecem a população branca. Na educação, idem: em 1976, 5% dos brancos tinham ensino superior aos 30 anos. Os negros só alcançaram esse número em 2006. Os heróis negros ou são desconhecidos, como acontece com os gênios da engenharia, os irmãos Rebouças, ou a cor da sua pele não é revelada, como Machado de Assis, Chiquinha Gonzaga e Aleijadinho. Passados 120 anos, as evidências de preconceito e discriminação mostram que precisamos de políticas afirmativas, como os projetos de nossa autoria, o Estatuto da Igualdade Racial e a PEC 2/06, que cria o Fundo de Promoção da Igualdade Racial para implementar essas políticas. Temos o PL 73/99, da deputada Nice Lobão, que reserva 50% das vagas em universidades federais e estaduais. As ações afirmativas nos EUA foram aprovadas em 1964. Graças a esse processo vitorioso, hoje eles têm em Barack Obama a grande possibilidade de um homem negro vir a ser presidente do país. Neste ano em que completamos os 120 anos de uma abolição inconclusa, lançamos a campanha Preconceito, Discriminação Zero. A discriminação sob todas as formas nada mais é do que a tirania que um ser humano exerce sobre outro, criando vícios de cultura que incentivam a tirania coletiva.Pensar na igualdade, no respeito ao ser e transformar isso em exercício de vida requer liberdade da alma. Reeducar nosso ser interior dando a ele a liberdade de se tornar pleno e propiciar ao outro que alcance a sua plenitude é o grande passo que nos conduzirá ao fim da discriminação.Senador PAULO PAIM (PT/RS)