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20.Setembro
Bandeiras da Liberdade - Jornal O Sul

Deixando-nos levar pela memória chegaremos à manhã do dia 20 de setembro de 1835 quando ouve-se nas coxilhas e canhadas da então Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, o toque de clarins rebeldes. A ponta de lança e casco de cavalo iniciava nas planuras do sul do continente uma das maiores epopéias da humanidade. O 20 de setembro entrava para a história e jamais seria esquecido pelo Rio Grande. Em seus registros ficaria gravado para sempre o memorável feito dos continentistas que todos nós, gaúchos, estamos comemorando com orgulho e profundo amor as nossas raízes. Naquela época nós sofríamos com a espoliação do governo central. Os produtos agropecuários, principal base da economia gaúcha, eram penalizados com altos impostos. O Império Brasileiro também expropriava e desviava recursos acumulados na província, até mesmo para pagar dívidas federais junto à Inglaterra. O governo central arrecadava mais dinheiro, porém não distribuía mais verbas para construir uma infra-estrutura adequada. A sociedade local não aceitava mais essa situação e a revolta era uma questão de tempo. Liderados por Bento Gonçalves da Silva, Antônio de Souza Neto, Davi Canabarro, Teixeira Nunes, João Antônio, Onofre Pires do Canto, Gomes Jardim, Antonio Vicente, Lucas de Oliveira, os lanceiros negros, Giusepe e Anita Garibaldi, e tantos outros heróis, eles carregavam as eternas bandeiras da liberdade que até hoje tremulam nas páginas da história. A revolta iniciou com base em reparações econômicas passando depois a buscar a independência da província e foi graças à Revolução Farroupilha que a posição econômica e social da província do Rio Grande do Sul melhorou.O príncipe dos poetas brasileiros, Olavo Bilac, disse que os farroupilhas foram os primeiros criadores da nossa liberdade política. “Eles não olhavam para si: olhavam para a estepe infinita que os cercava, para o infinito céu que os cobria, e nesses dois infinitos viam dilatar-se, irradiar e vencer no ar livre o seu grande ideal de justiça e de fraternidade”. Hoje, passados mais de cento e setenta anos, nós festejamos a data maior do Rio Grande do Sul. É aí que nós gaúchos juntamente com todas as etnias e origens que formam a sociedade sulriograndense como os portugueses, espanhóis, alemães, italianos, poloneses, negros, judeus, árabes-palestinos, japoneses, pomeranos, franceses e russos, reverenciamos a Revolução Farroupilha – marco da nossa formação política, econômica, social e cultural. Ah, como é gigante esse nosso Rio Grande velho de guerra, Rio Grande do povo, Rio Grande da diversidade, Rio Grande da terra, Rio Grande dos heróis, Rio Grande dos caminhos, Rio Grande dos presidentes, Rio Grande dos trabalhadores, Rio Grande da história que tem gravada em seus registros, o memorável feito da Revolução Farroupilha. Somos um povo que sempre acolhe com alegria e com palavras de bem querer. Nosso aperto de mão é forte e emana a energia que vem do solo fértil que pisamos. É com amor, orgulho e honra que nós dizemos que somos gaúchos e é com a nossa memória e nossas festividades que a cada ano nós lembramos que a liberdade de consciência da nossa gente continua viva e seguimos em frente com nossa fé na igualdade e na fraternidade. Somos uma gente aguerrida que não se entrega frente às adversidades, sabemos pelejar e olhamos para o horizonte com um olhar firme e determinado que nos lembra sempre que a liberdade é nosso bem maior, ela é como o vento minuano que se espraia além das fronteiras.Senador PAULO PAIM