Entre 2007 e 2010, a atriz Zezé Motta esteve à frente da Superintendência de Igualdade Racial do governo do Rio de Janeiro. Ao assumir o cargo, uma das primeiras demandas que ouviu foi a criação de uma política de saúde especial para a população negra.— Minha reação foi pensar: "Estão loucos! Desde quando política de saúde precisa ser separada por cor?" — lembra.Zezé, então, foi buscar informações e se surpreendeu com a gravidade da doença e o número de pessoas que atinge.— Eu acreditava que era um tipo de anemia, talvez mais grave, dessas que se curam melhorando a alimentação. Muita gente deve pensar igual. Fiquei chocada com a existência de uma realidade tão dura e ao mesmo tempo tão ignorada.Hoje, o Rio é referência em política para anemia falciforme. Ainda como superintendente, Zezé Motta tentou usar sua influência como atriz de novelas para promover o conhecimento sobre a doença. Sugeriu a programas de TV que abordassem o tema. Ouviu "não" de todos. — Se é porque é doença de negros e pobres? Não posso afirmar com certeza. O que posso dizer que é senti má vontade em todas as pessoas que procurei.Zezé Motta é uma das convidadas da audiência que será realizada hoje na Comissão de Direitos Humanos do Senado. O debate sobre a doença foi proposto pelo Centro de Tradições Afro-Brasileiras (Cetrab). Fonte: Jornal do Senado