O dicionário de filosofia é claro quando define coerência como "ordem, conexão, harmonia de um sistema de conhecimento, critério da verdade, ausência de contradição." Para o homem público a coerência é o parâmetro e a verdade da sua própria consciência. Por isso continuamos defendendo um salário mínimo de R$ 250,00 e o mesmo percentual de reajuste aos aposentados e pensionistas. Este valor não poderá "atender às necessidades básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social", mas, gradativamente e de acordo com o projeto que apresentamos, poderá chegar muito perto do que reza a Carta Magna. O Congresso Nacional resiste à elevação do valor do salário mínimo em 25%, enquanto a FGV anuncia taxa de 33% na alta dos preços dos alimentos no atacado em doze meses, até outubro. A inflação de outubro em São Paulo foi a mais alta em 26 meses; o IGP-DI chegou a 4,21% em outubro de 2002, enquanto que em janeiro estava em 0,19%; o preço da cesta básica em São Paulo, segundo Dieese/Procon ultrapassa o valor do salário mínimo de hoje, que corresponde a R$200,00; no Rio de Janeiro o custo de uma cesta básica para cinco pessoas subiu 13,6% - chegando a R$ 245,00. A reserva do Orçamento de cerca de R$ 3,7 bilhões, para garantir ao mínimo um reajuste de 20% - R$240,00 pode estar comprometida, caso os parlamentares insistam em legislar em causa própria, aumentando o valor das emendas em relação ao ano de 2001. Para aqueles que dizem que o mínimo contrai as contas da Previdência, lembramos que, no ano de 2001, a Seguridade Social teve superávit de R$ 32 bilhões. São receitas correspondentes à Previdência como a Cofins, a CPMF, tributação sobre o lucro, jogos lotéricos, contribuição de empregado/empregador. Se fosse destinado à Previdência somente um terço destas fontes teríamos superávit e poderíamos elevar o mínimo para um valor ainda maior do que propomos atualmente. É triste ter de reconhecer que um casal com dois filhos, que recebe o salário mínimo, pode gastar por mês, apenas R$ 19,42 com alimentação; R$ 13,87 com habitação; R$ 4,21 com transporte; R$ 3,56 com saúde; R$ 4,77 com vestuário e R$ 1,8 com educação por mês. Sem contar os gastos com higiene, lazer e as contribuições previdenciárias. Como não se indignar quando alguns parlamentares tem a audácia de buscar reajustes que poderão chegar a mais de 100% dos atuais vencimentos?Os parlamentares recebem R$ 8,280 e mais uma ajuda de custo para despesas de gabinete, de R$ 7,000. Pretender um salário de R$ 17,125 é atentar contra a dignidade e miséria do nosso povo. Isto é imoral! Basta observar a distância entre o salário mínimo e os vencimentos da cúpula dos Três Poderes. O trem da história está passando e não podemos ficar na estação. Falamos de sobrevivência e cidadania; da coerência entre o discurso e prática; da responsabilidade que temos diante daqueles que nos elegeram e aos quais juramos defender. " Paulo Paim PT/RS