O brasileiro sonha chegar à universidade e conquistar um diploma de curso superior. Infelizmente este sonho não é alcançado pela maioria, pois nosso povo vive em busca das condições básicas de vida. Aqueles que estão empregados enfrentam intensas jornadas de trabalho; os que estão desempregados sequer pensam em estudar, pois estão lutando pela sobrevivência. Esta é a realidade do nosso país, que não promove o acesso à educação para todos e condena o pobre a viver sem jamais freqüentar uma universidade. O que aprende é na faculdade da vida, no sofrimento dos problemas diários, na família, no trabalho e na convivência com os amigos. Ensino superior é artigo de luxo num país como o Brasil, que tem índices alarmantes de trabalho escravo, trabalho infantil e que tem o menor salário mínimo da América. Se a maioria não tem acesso, como exigir que a classe dos políticos e governantes, nossos legítimos representantes, sejam portadores de um diploma de curso universitário? Seria o fim da democracia e não teríamos legítimos representantes eleitos pelo povo, mas representantes de uma minoria que detém o saber e o poder. Poderíamos sonhar com um futuro em se exigisse o diploma para exercer qualquer quadro político, mas a realidade teria que ser outra. Deveria haver emprego e renda justa para todos; o ensino seria livre e gratuito em todos os níveis; viveríamos em uma sociedade onde a liberdade, a igualdade e a solidariedade fossem plenas. Jamais poderemos diminuir a importância do ensino para o homem, mas ele não representa tudo. O que se aprende na vida, o caráter que temos, a sensibilidade que desenvolvemos, o amor que sentimos pelos outros é imprescindível para enfrentarmos muitos desafios. Um Presidente da República, eleito democraticamente pelo povo, necessita ter muito mais do que um diploma de curso superior para governar uma Nação. Os princípios da democracia, igualdade e justiça social não são conquistados apenas através de títulos de doutores. Há que se fazer uma profunda reflexão do significado da arte de governar antes de seguir orientações, que definam um bom governante como aquele que recebeu diploma da Universidade de Harward ou da Sorbone. No Brasil, sucessivos governantes abastados de títulos frustraram as expectativas de vida digna para o povo, por incapacidade e insensibilidade no enfrentamento dos flagelos sociais. A história da humanidade está repleta de homens que construíram impérios e nunca passaram pelos bancos escolares. Muito mais importante do que um diploma de curso superior é a sensibilidade para enfrentar o desemprego, a agonia da fome e da miséria, o sofrimento nas filas de hospitais, o choro das crianças sem lar, a tristeza dos velhos abandonados, a violência das ruas. Muito mais importante do que um diploma de curso superior é ter em mente um projeto que possa somar e não dividir; que possa agregar e não destruir; que traga a paz e não a guerra; que seja justo e não desigual; que seja humano e não perverso. Um Presidente da República tem em suas mãos as rédeas da Nação, mas não significa que deva ser um Imperador para governar sozinho ou que acumule um número expressivo de títulos. O filósofo chinês Sun Tzu, ainda em 500 a C., definia: "A arte da guerra é governada por cinco fatores constantes, que devem ser levados em conta: a lei moral; o céu; a terra; o chefe; o método e a disciplina." Sun Tzu apontou o caminho da vitória para todos os desafios que um governante enfrenta. Para este imenso país, para o nosso povo carente de tudo não importa se o governante é poliglota ou se fala a língua simples do povo. O que se espera é que traga a justiça social. O que se espera é que possa dar início ao processo de resgate à cidadania que tanto sonhamos e que sempre nos foi negada. Paulo Paim PT/RS