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13.Abril
Presente de Grego - Jornal Zero Hora

A mitologia grega nos deixou inúmeras histórias que ilustravam os conflitos existentes na sociedade e na natureza humana. A Guerra de Tróia é uma destas histórias que são lembradas por gerações. O gigantesco cavalo de madeira oferecido pelos gregos, simulando uma suposta paz, escondia as sementes da destruição. Desde então , "presente de grego" passou a ser sinônimo de algo que traz dor de cabeça, danos e sofrimentos. Sua presença é bela e atraente, mas esconde em seu ventre a discórdia, a guerra, a verdadeira destruição.  Podemos chamar o projeto de lei que altera os dispositivos do artigo 618 da CLT, de verdadeiro "presente de grego". Na fachada, a promessa de geração de empregos e queda da informalidade no mercado de trabalho, através da suposta "negociação" acima da lei. Na essência, a imposição, um atentado aos direitos básicos do trabalhador.  Os números do Brasil assustam: 23 milhões de pessoas passam fome; lamentavelmente, o salário mínimo é R$200,00; o desemprego atinge um universo de 12 milhões, 760 mil trabalhadores; 54% dos trabalhadores não têm direito a benefícios como décimo terceiro salário; 55% não têm férias remuneradas. Se há esta realidade com a lei, imaginem sem a presença dela.   A votação do PL, adiada para depois das eleições é uma vitória importante dos trabalhadores. Graças à luta empreendida eles receberão este ano direitos como férias, décimo terceiro salário, repouso semanal, trabalho noturno, participação nos lucros, etc.  Durante a tramitação do projeto na Câmara dos Deputados, debatemos, lutamos incansavelmente e conseguimos, a partir do nosso gesto simbólico na tribuna, demonstrar que o Parlamento estaria rasgando a Constituição brasileira se aprovasse a proposta do Executivo. A população abriu os olhos e percebeu o "presente de Grego" que estava recebendo.Os números do Brasil assustam: 23 milhões de pessoas passam fome  O governo recuou estrategicamente este ano, pois a aprovação desta proposta poderia significar uma grande derrota nas urnas dos partidos que apoiam a flexibilização. Desta forma a classe trabalhadora terá mais tempo para estancar estes abusos.        É bom lembrar que a guerra ainda não terminou. O "presente de grego" será novamente oferecido, pois em 2003 a matéria será votada nas Comissões. Não estamos simplesmente dizendo não às reformas da CLT. Estamos dizendo não a estas reformas. Queremos construir um "presente" que tenha em seu conteúdo as aspirações da vida cidadã, com a qual sonhamos.Paulo Paim PT/RS