Há 16 anos luto pelo estabelecimento de um salário mínimo equivalente a 100 dólares. Agi assim quando exerci os quatro mandatos de deputado federal e pretendo insistir nessa meta enquanto senador da República. O valor atual, de R$ 240,00, é o resultado de um acordo feito pelos partidos na Comissão Mista do Orçamento. Como não faço parte da comissão, nem sequer fui consultado sobre o assunto. No Congresso Nacional tramitam projetos de minha autoria que estabelecem o reajuste do salário mínimo e das aposentadorias com base na variação do IGP-DI, índice utilizado pelo governo na hora de receber o que lhe devem, mas nunca para pagar as suas contas. Se esse índice tivesse sido aplicado este ano na correção do salário mínimo, seu valor seria agora de R$ 260,00.Dos R$ 240,00 que o trabalhador de salário mínimo recebe hoje, cerca de R$ 180,00 ele gasta em alimentação. Com o restante, ele tem que cobrir as despesas da família com moradia, saúde, educação, transportes, higiene, vestuário e lazer, conforme estabelece a Constituição. Está claro que não dá. Segundo o Dieese, o salário mínimo já deveria ter sido de R$ 1.466,73 em março.Nosso país se inclui entre as dez maiores economias do mundo e é o único do continente que paga um mínimo inferior a 100 dólares. O dólar é uma referência internacional e é utilizado no Brasil para a correção das tarifas públicas.A energia elétrica tem preço em dólar.O pão nosso de cada dia, também. Não recebemos em dólar, mas a dona de casa gasta dólares cada vez que acende o fogão. Por isso insisto nessa missão aparentemente quixotesca de chegarmos a um salário mínimo equivalente a 100 dólares. Esse valor já foi atingido em passado recente e depois, novamente, consumido pela inflação. Devemos ter o objetivo de que um dia, neste país, o trabalhador e sua família possam viver com dignidade.