A Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul situou nosso Estado como o segundo maior exportador do País. Essas informações merecem algumas reflexões, particularmente quanto ao propalado efeito das exportações para a criação de empregos. Até o mês de julho, as exportações do Rio Grande do Sul totalizaram 4,43 bilhões de dólares, à frente de Minas Gerais, com US$ 3,97 bilhões. Essa posição deverá se manter até o final deste ano, atrás apenas de São Paulo. Nos primeiros sete meses deste ano as exportações do Rio Grande do Sul cresceram 24,6% em relação a igual período do ano passado, saindo de US$ 3,5 bilhões para US$ 4,4 bilhões. No ano, as vendas externas podem alcançar US$ 7,6 bilhões, um crescimento de 20% em relação aos US$ 6,3 bilhões exportados em 2002. Lamentavelmente, esse desempenho das exportações não foi suficiente para reduzir o desemprego no Rio Grande do Sul. O nível de ocupação na Região Metropolitana de Porto Alegre, nos seis primeiros meses do ano, criou 21,8 mil novas oportunidades de trabalho em relação ao mesmo período de 2002. No entanto, o crescimento da População Economicamente Ativa, elevando para 37,2 mil o número de indivíduos que entraram no mercado de trabalho, aumentou o contingente de desempregados em 10,8 mil pessoas. A falta de capacidade de gerar empregos elevou para 316 mil o número de desempregados na capital do Estado, o maior nível desde 1999. Vale dizer que o esforço exportador não está sendo bastante para combater nosso maior problema, que é o desemprego. Além da falta de empregos, o consumo no RS está sendo dificultado pelos juros cobrados pelos comerciantes gaúchos, os mais altos do Brasil, segundo pesquisa realizada em julho pela Associação Comercial dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). No ano, os consumidores do Estado chegam a pagar, em média, até 6,51 pontos porcentuais no crediário a mais que os paulistas. Uma geladeira de R$ 800, por exemplo, comprada em 12 prestações é, pelo menos, R$ 17 mais cara que em São Paulo. Esperamos que os comerciantes gaúchos aproveitem a redução dos juros decretada pelo Banco Central e repassem essa queda aos consumidores. Com isso favorecem o aumento do consumo, que requer mais produção e acaba gerando novos empregos.Paulo Paim PT/RS