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30.Janeiro
Crescimento e distribuição de renda

Por quase duas décadas nossa preocupação maior sempre foi com relação ao campo social e, a nosso ver, a política econômica brasileira deve pautar suas metas macroeconômicas em políticas de longo prazo, de forma que haja um crescimento sustentável com distribuição de renda. Por isso, concordamos com o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, ao declarar que: “Nosso maior desafio permanece: traduzir crescimento em desenvolvimento para todos”. As projeções do Fundo Monetário Nacional (FMI) para 2005 é de que o Brasil assuma a 11º posição no ranking das maiores economias do mundo. Em 2003 estávamos com a 15º posição e em 2004 na 12º. Porém, essa crescente classificação no ranking global não tem se refletido no ritmo de crescimento da economia brasileira e na diminuição da desigualdade social. A taxa de crescimento do país tem sido considerada moderada, visto que a variação anual média de 2003 a 2006 ficou abaixo do crescimento da América Latina e mundial. Especialistas acusam as altas taxas de juros e a política cambial como os principais fatores inibidores deste crescimento. Apesar disso, nossa imagem perante o mundo globalizado está mudando. O Brasil hoje é visto pelos demais países como uma nação com muito potencial de crescimento assim como a Índia e a China. Nossa expectativa é que esse desenvolvimento seja seguido de políticas públicas que objetivem, principalmente, a diminuição da desigualdade social. A qual, felizmente, tem sido, também, a preocupação de outros países. O governo Chinês, por exemplo, que frente ao crescimento de 9,9% de sua economia em 2005, anunciou durante um debate no Fórum Econômico, em Davos, que a meta para 2006 é dar menos ênfase ao crescimento econômico e mais à diminuição da desigualdade social. Um documento apresentado pela New Economics Foundation (NEF), uma instituição independente de pesquisa com base na Inglaterra, afirmou que com o atual ritmo de crescimento e distribuição de renda, o Brasil vai levar 304 anos para atingir o mesmo nível de distribuição de renda dos países ricos. E, ainda, segundo relatório da ONU, somos o 8º país em desigualdade social. Isso comparado a 128 países que tiveram essa variável avaliada pelo Relatório de Desenvolvimento Humano. Mas, apesar dos dados, acreditamos estar andando pelo caminho correto: diminuímos nosso déficit e aumentamos o superávit primário. No entanto, isso é muito pouco. Precisamos e queremos mais. É necessário aumentar o poder de compra do brasileiro, criar condições que proporcionem maiores investimentos internos, fortalecendo as pequenas empresas, gerando emprego e renda, além de eleger a educação como prioridade número um no plano de metas do crescimento. Pois é preciso inovar para competir com o exigente mercado externo. O Brasil ainda está num processo lento em relação ao resto do mundo, exportamos soja, frango, boi, couro etc, ou seja, matéria prima e produtos de baixo valor agregado. Para gerar mais empregos o que precisamos é exportar bens manufaturados, agregando valor e inovação ao produto brasileiro! Precisamos de um programa estratégico de desenvolvimento sustentável. Precisamos apostar em nosso potencial humano. Precisamos, enfim, saber que Brasil queremos para os próximos cem anos e, então, começar a planejar esse desenvolvimento! Dessa forma, estaremos contribuindo para zerar a desigualdade social no Brasil. Senador Paulo Paim (PT-RS)