A audiência publica da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), marcada para esta quinta-feira (17) foi adiada, devido à suposta tentativa de assassinato contra o ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), Claudio Guerra, personagem central do livro Memórias de uma Guerra Suja.O presidente da CDH, senador Paulo Paim, ressaltou a importância do depoimento e explicou as medidas tomadas para garantir a segurança de Claudio Guerra.- O delegado é um arquivo vivo que, com toda certeza, vai dar sua contribuição à Comissão da Verdade, instalada ontem em ato histórico – salientou Paim.O senador fazia referência ao colegiado nomeado na véspera pela presidente Dilma Rousseff, em cerimônia que contou com a participação de todos os ex-presidentes da República desde a redemocratização do país, para investigar as violações aos direitos humanos entre 1946 e 1988, com ênfase no período da ditadura militar. SegurançaAo abrir a reunião, o presidente da CDH, senador Paulo Paim (PT-RS), explicou que o delegado aposentado alegou a necessidade de garantias de segurança para seu deslocamento a Brasília, onde falaria sobre sua participação na morte de militantes da esquerda na época da ditadura militar, nos anos 70.Paim foi informado de que, na madrugada da quarta-feira (16) três homens rondaram a casa do delegado, na cidade de Vila Velha, no Espírito Santo. Claudio Guerra, que se diz arrependido dos crimes cometidos e narrou a dois jornalistas as ocorrências em que esteve envolvido na época da ditadura, afirmou ter ouvido um dos homens gritar a frase “eu vou pocar”. Na gíria policial da época, a frase era a senha para o disparo de arma, com o objetivo de matar quem estivesse no alvo.O senador registrou que ainda na quarta-feira fez contato com o ministro da Justiça, Eduardo Cardoso, para narrar o acontecido e pedir pela segurança do delegado. De acordo com Paim, o ministro informou que o delegado se negou a entrar no programa federal de proteção a testemunhas.Também na quarta, Paim fez pronunciamento sobre os fatos envolvendo o delegado, que narrou aos jornalistas Marcelo Neto e Rogério Medeiros como matou e ocultou os corpos de diversos militantes de esquerda. - É o depoimento de quem foi o principal agente de um grupo que, fora da cadeia de comando, foi responsável pela matança de integrantes da esquerda. Seu nome não está entre os torturadores porque sua missão não era torturar, era matar – destacou Paim ao falar sobre o livro e seu personagem.Aos jornalistas, o delegado também falou sobre ações de que teve conhecimento, embora sem participação pessoal, como a chamada Chacina da Lapa, em São Paulo, operação do exército que resultou na morte de três dos principais dirigentes do PCdoB. Há ainda registros sobre o planejado atentado ao Riocentro, frustrado porque a bomba explodiu no colo de um dos militares envolvidos.A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa acabou destinando a reunião do dia ao exame de projetos. Leia mais Paulo Paim pede segurança para delegado do DOPS que revelou crimes da ditadura Fonte: Agência Senado