Petista debateu com especialistas barreiras impostas pelo país vizinhoO senador Paulo Paim (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado, avaliou com especialistas, em debate no órgão técnico, as barreiras impostas e a realidade do Mercosul hoje. No balanço que faz do encontro, afirma que, apesar de ser um otimista, vê o cenário com preocupação. “O Mercosul, se bobear, vai virar um fórum de disputa entre os países membros”. Veja mais A Argentina está dando um tiro no pé, afirma economista Deputado critica passividade do governo perante as barreiras impostas pela Argentina às empresas gauchas Paim debaterá relação comercial entre Brasil e Argentina CDH discute barreiras da Argentina a produtos brasileiros “A Argentina está boicotando o Mercosul”, denunciou o senador Paulo Paim. “Eu fui indicado para o Parlasul (Parlamento do Mercosul) e estava entusiasmado. Chegamos quase no final do ano, e não houve nenhuma reunião, só a de posse. “Quero ir para lá, mas quero ir para trabalhar. E todo mês o encontro é adiado porque os argentinos não se entenderam. Uma hora não indicavam os membros, depois indicaram um a mais”. Ele acredita que há uma preocupação de que a instalação do Parlamento do Mercosul possa levar para o debate o questionamento sobre a Argentina não cumprir nenhum acordo. “Isso foi dito por todos, inclusive escrito em documento pelo presidente da Fiergs (Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, Heitor José Muller), que a Argentina não cumpre os acordos do Mercosul.”O senador assinalou que foi muito comentada no encontro a posição do ministro argentino Guillermo Moreno, do Comércio Interior. “É o comandante de fato da política de importações e que parece que é o grande comandante da Argentina, e não é de cumprir palavras. Isso é grave. Ele não cumpre palavras e negocia diretamente com a Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo). Mas não é a Fiesp que negocia os interesses do Brasil”, acentua Paim. E acrescenta: “Os interesses do Brasil são discutidos pelo governo brasileiro, e o Fórum do Mercosul seria também o espaço adequado. Eu estou muito preocupado”, reafirmou o senador petista. “A continuar assim, não se trata de o Mercosul não dar certo, mas o que poderia ser feito em 10 anos levará 50 anos”, lamentou o senador gaúcho.O caminho, para Paim, seria de muito diálogo e diplomacia. “A coerência tem que pautar nossa atuação. Documento assinado, palavra empenhada, tem que ser respeitado. Preocupa que diversas empresas, inclusive do Rio Grande do Sul, estejam sendo obrigadas a ir embora para a Argentina.”Senador defende atitude firme do governo brasileiroO senador Paulo Paim avalia que o governo brasileiro está sendo muito paciente em relação à Argentina. “Tenho posição clara quanto a isso. Já falei da tribuna do Senado e vou falar novamente sobre esse tema. Todos os convidados disseram na comissão que é preciso ter firmeza. Veja se os Estados Unidos, por exemplo, não têm firmeza nas suas relações comerciais? Claro que têm”, afirmou.O senador explica que não defende o abuso, mas a proteção dos interesses nacionais. “Você não poder ser prevalecido, do tipo que quer explorar. Mas respeitar os interesses do País é nossa obrigação. Lembro que numa oportunidade perguntaram para (o presidente dos Estados Unidos) Barack Obama qual era a posição dele a respeito da América Latina, e disse: “Olha tenho o maior carinho pela América Latina, sou um homem que venho da linha dos direitos humanos, mas, em primeiro lugar, está o interesse do meu país”. E ele não poderia responder diferente. E é isso que temos que fazer”, frisou Paim. “Tenho o maior respeito pelos amigos uruguaios, paraguaios, argentinos, venezuelanos, mas eles representam o país deles. Nós representamos o nosso”, enfatizou. Fonte: Jornal do Comércio / Edgar Lisboa