Acompanhados pelo o senador Paulo Paim (PT/RS), representantes do Conselho Nacional de Políticas para a Igualdade Racial, da presidência da República, vieram ao presidente José Sarney para pedir apoio e entregar moção pela aprovação do Projeto de Lei 180, definindo 50% das vagas em universidades públicas para negros, indígenas e estudantes de escolas públicas. Repetindo gesto dos abolicionistas, o jovem Sergio José Custódio, representante do Movimento dos Sem Universidade (MSU), entregou a Sarney buquê de camélias. Assim, em nome de todos, agradecia o comprometimento do presidente do Senado com a causa dos negros e com aprovação pretendida agora. "Comigo vocês não precisam ter qualquer preocupação. Sou eterno defensor das cotas e da luta do movimento negro", disse o presidente, lembrando que ser de sua autoria o primeiro projeto para as cotas. Foi então interrompido pelo senador Paim: "E o projeto dele é muito mais avançado do que esse que será votado agora". Sarney então relembrou que seu projeto previa, inclusive, reserva de cotas em todos os concursos públicos. As falas de vários dos líderes presentes repetiram os agradecimentos ao presidente Sarney por sua longa "militância" no parlamento em defesa da causa dos negros, destacando a criação da Fundação Palmares quando exercia a Presidência da Republica. Os líderes pediram também pela rápida tramitação do projeto oficializando o Hino da Negritude, que tramita na Câmara. Sarney, que teve sua fala interrompida várias vezes por aplausos, garantiu apoio e comprometimento com os dois projetos. "O que tenho feito nos meus 56 anos de parlamento", disse. Ao fim do encontro, durante 15 minutos postou-se para fotos coletivas e individuais com os presentes. Secretaria de Imprensa da Presidência do Senado Entidades pedem a Sarney aprovação de cota em federal Projeto de lei, aprovado ontem à noite, torna obrigatória nas universidades federais a reserva de ao menos 50% das vagas para estudantes de escola pública, para pobres e para negros e pardos O presidente do Senado, José Sarney, recebeu ontem representantes do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (ligado à Presidência da República) e de entidades de defesa da educação e da igualdade racial. Eles lhe entregaram uma moção de apoio à aprovação do projeto de lei que torna obrigatórias as cotas nas universidades federais (PLC 180/08). O senador Paulo Paim (PT-RS) também estava presente. Pelo projeto, aprovado na noite de ontem, pelo menos 50% das vagas por curso e turno serão reservadas para quem tenha feito o nível médio integralmente em escola pública. O texto também estabelece critérios étnico-raciais (para negros, pardos e indígenas) e de renda. O coordenador da Campanha Nacional Pelo Direito à Educação, Daniel Cara, disse que o projeto é importante por colocar a escola pública no centro do debate. O presidente do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, Mário Theodoro, reconheceu que as cotas são um tema polêmico, mas observou que o projeto pode abrir oportunidades para outros setores da sociedade historicamente excluídos. — Temos certeza de que, com a ajuda de Sarney, esse projeto será votado rapidamente — disse Theodoro.Para o assessor parlamentar da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial Renato Ferreira, o projeto é um avanço para a democracia. — É um projeto importante para os negros, para os indígenas, para os brancos pobres, enfim, para todos que militam em favor da diversidade no Brasil — afirmou. Esforço concentrado O senador Paulo Paim relatou que havia um acordo entre os líderes partidários para que o projeto fosse votado no esforço concentrado do período eleitoral. Ele defendeu o projeto, explicando que 90% dos estudantes brasileiros cursam o nível médio em escolas públicas. — É como se 90% tivessem direito à metade e 10%, que vêm de escolas privadas, tivessem direito à outra metade. É mais do que justo — argumentou. Sarney lembrou que foi, na política brasileira, um dos pioneiros na defesa da igualdade racial. Afirmou que, em 1999, apresentou projeto, arquivado pela Câmara, que previa cotas raciais no acesso ao serviço público, à educação superior e ao financiamento estudantil. Sarney ainda lembrou que, quando foi presidente da República (1985–1990), criou a Fundação Palmares para marcar o centenário da Abolição da Escravatura, em 1988 (leia mais nas páginas 4 e 5). Jornal do Senado (Reprodução autorizada mediante citação do Jornal do Senado)