A experiência que eu tive no movimento sindical (presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas, presidente da Central Estadual de Trabalhadores do RS e primeiro secretário nacional da CUT), nos anos 70 e 80, me mostrou que ninguém é favorável a uma greve. Ela é o último estágio de uma negociação. E, ela também é legal e está assegurada no artigo 9º da Constituição Federal.Mesmo sendo constitucional, o direito de greve ainda carece de regulamentação. Essa é uma luta que estamos travando há mais de duas décadas. Como deputado federal, apresentei proposta neste sentido. Realizamos debates, audiências, mas, por questões conjunturais, penso eu, essas ações não foram adiante. No Senado, o processo está adiantado.O PLS 84/07 (serviço público) e o PLS 83/07 (setor privado), projetos de minha autoria, estão sendo discutidos pelas centrais sindicais, confederações, federações e sindicatos de base. Atualmente eles tramitam em conjunto na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), aguardando indicação de relator. Ainda este ano vamos realizar uma audiência pública para debater o tema e aprimorar os projetos.Os dois projetos preveem que as categorias é que vão decidir qual o percentual de trabalhadores que ficam nos plantões de emergência para assegurar, por exemplo, atendimentos hospitalar, policial, entre outros. A ação de servidores grevistas no sentido de obter a adesão à greve dos demais servidores, desde que de forma pacífica, é permitida, que torna ainda nulo todo ato de repressão, coação, prejuízo ou discriminação a servidor que decidir pela adesão ou não adesão ao movimento.Importante sempre destacar que os trabalhadores, tanto da área privada, quanto da pública, devem estar permanentemente de vigilância contra qualquer ataque que represente a retirada de direitos e conquistas. Os tambores devem rufar, as vozes nas ruas tem que chegar até os parlamentares.A greve é um dos mais importantes instrumentos de pressão que a classe trabalhadora possui. É uma das maiores conquistas do povo brasileiro, está na Constituição. Repito que é democrático, faz parte do jogo. Nós sabemos que se numa negociação coletiva não existir o direito de greve, essa negociação ficará fragilizada. Haverá mais peso de um lado da balança e, creio que, nenhum trabalhador tem dúvidas quanto a isso.Para finalizar, lembro que a partir do momento em que o movimento sindical realizou uma greve articulada, os setores conservadores da sociedade, fizeram, da noite para o dia, uma tentativa de aprovar o PLS 710/2011, de outro senador, que no meu entendimento e do movimento sindical proíbe o direito de greve. E isso nós não vamos permitir. Paulo Paim é senador pelo PT-RS