Projeto de lei, que seguirá para a Câmara, limita em 40% total de ingressos vendidos para beneficiadosO Senado aprovou ontem projeto de lei que cria o Estatuto da Juventude, com previsão de restringir a meia entrada a uma cota de 40% do total de ingressos vendidos para cada evento de natureza artístico-cultural, de entretenimento e lazer. O texto prevê ainda a ampliação do direito à meia-entrada a jovens pertencentes a famílias de baixa renda, com idade até 29 anos - com renda familiar de até dois salários mínimos -, além dos estudantes. O projeto ainda terá de ser reenviado à Câmara para apreciação.A emenda que estabelece a cota foi apresentada pela senadora Ana Amélia (PP-RS), a pedido da classe artística. De acordo com a senadora, os artistas têm hoje a sobrevivência \"posta em perigo\" por conta da meia entrada, que pode chegar a quase 90% dos ingressos vendidos para um evento.- Eu homenageio com essa emenda a jovem trabalhadora Fernanda Montenegro, que simboliza uma categoria que tem a sobrevivência posta em perigo por conta da meia entrada. Não estamos pedindo o fim desse privilégio, mas solicitando que se confirme a cota de 40% das plateias. Como disse Cacilda Becker, não peçam de graça a única coisa que um artista tem para vender, que é seu ofício - afirmou a senadora.Eduardo Barata, presidente da Associação dos Produtores de Teatro do Rio, afirmou que a restrição na venda de meia entrada funcionaria como uma \"Lei Áurea\" para os artistas.- Para nós, o ideal seria que não tivesse meia entrada. Mas fizemos um acordo porque, hoje, de 80 a 90% dos ingressos fica comprometido com a meia entrada, que é o grande vilão da nossa economia artística. Ficamos dependentes de patrocínios - afirmou.O substitutivo aprovado do senador Paulo Paim (PT-RS), que incluiu o acesso à meia entrada aos jovens carentes, foi sugerido pela Secretaria de Juventude da Presidência da República. De acordo com a representante do órgão, Severine Macedo, a intenção era assegurar o direito àqueles jovens que não estudam porque precisam trabalhar.Fonte: O GLOBO