Enganou-se quem imaginou que Planalto e Congresso iriam mudar radicalmente as relações a partir da apreciação dos vetos presidenciais. Talvez fosse essa a expectativa dos manifestantes que lotaram o Salão Verde na terça-feira. Porém, quando os ânimos esfriaram na madrugada, deputados e senadores deram ao governo quatro vitórias nos quatro vetos apreciados, inclusive no polêmico Ato Médico. O que mudou foi o jogo tantas vezes encenado no Congresso: antes, pressionados, os parlamentares aprovavam projetos já antecipando um veto do Planalto logo à frente. Era apenas um repasse do desgaste a Dilma. Agora, governo e Congresso dividem o ônus. Se na prática o resultado é o mesmo, ao menos a apreciação tornou mais dolorosa para os parlamentares a tarefa de contrariar a sociedade.Dupla faceO senador Paulo Paim (PT) aposta: salvo em casos de fogo amigo da base aliada, o governo não verá derrubados os vetos no Congresso enquanto a votação for secreta.– Vi com os meus próprios olhos os mesmos parlamentares prometendo derrubar vetos para os movimentos sociais, no Salão Verde, e se comprometendo com a Ideli (Salvatti, ministra de Relações Institucionais) – declara o senador. ZERO HORA – Carolina Bahia