Doze anos depois de ser apresentada na Câmara, chegou quarta-feira ao Senado a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 349/2001, que estabelece o voto aberto em todas as votações do Congresso, das assembleias legislativas, da Câmara Legislativa do Distrito Federal e das câmaras de vereadores. O tempo prolongado de tramitação confirma a controvérsia do tema.No Senado, o presidente da Casa, Renan Calheiros, sugere que primeiro seja votada a PEC 86/2007, de Alvaro Dias (PSDB-PR), que prevê voto aberto só nos processos de perda de mandato. Depois, as possibilidades poderiam ser ampliadas com a PEC 20/2013, de Paulo Paim (PT-RS), que acaba com o voto secreto em qualquer situação. Mas os deputados aprovaram um texto resultante da junção de várias PECs.A votação está marcada para quarta-feira na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).— Do ponto de vista do Parlamento, da democracia e da oposição, abrir o voto para exame de veto presidencial, por exemplo, é delicado, porque permitirá o monitoramento político do governo, de qualquer governo. O fundamental é que, neste primeiro momento, possamos abrir o voto para julgamento de deputado e senador. É o que a sociedade está cobrando — disse Renan.PEC paralelaO presidente da CCJ, Vital do Rêgo (PMDB-PB), considera legítima a saída por meio de uma PEC paralela, mecanismo utilizado na última reforma da Previdência.— Vamos apressar a tramitação da PEC na comissão. Já designei Sérgio Souza [PMDB-PR] para ser o relator, que fará os arranjos necessários para incluir a proposta rapidamente na pauta do Plenário — afirmou Vital.Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e outros senadores reagiram à ideia de “fatiar a PEC”. Ele adverte que uma mudança na PEC obrigaria o retorno à Câmara e questiona se a PEC paralela ainda teria ligação jurídica com a proposta original ou seria uma nova, com origem no Senado.— Não podemos devolver a bola para a Câmara e fazer o salame. A opinião pública está exigindo o contrário — disse Randolfe.Souza adiantou que vai trabalhar para manter o voto aberto em todas as votações, como aprovou a Câmara.Favorável à PEC, Pedro Taques (PDT-MT) reconhece que a proposta enfrenta resistências. Humberto Costa (PT-PE) entende que o voto deve ser secreto nos casos de indicações para o Supremo Tribunal Federal e a Procuradoria-Geral da República, pois esses órgãos julgam ou emitem pareceres sobre o Parlamento.Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) tem dúvidas sobre a conveniência do voto aberto na análise dos vetos presidenciais e Walter Pinheiro (PT-BA), favorável, responde que os congressistas devem olhar para as bases — e não para o Executivo.Ana Amélia (PP-RS) incentiva os parlamentares a buscar forças no eleitorado em vez de se submeter ao poder do governo.— Quem tem ficha limpa não pode temer voto aberto — afirmou.Jornal do Senado