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27.Setembro
Comissão da AL-RS busca garantias para trabalhadores de cruzeiros internacionais

Sul 21 O caso da gaúcha Bruna Frasson, atualmente presa em Barcelona após trabalhar a bordo do cruzeiro Costa Victoria no ano passado, teve como consequência a discussão sobre as condições de trabalho de brasileiros que buscam contratos em alto mar. Nesta quinta-feira (26), a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul se reuniu para debater o tema e buscar garantias para os trabalhadores. Bruna Frasson acabou detida por suposta participação com o tráfico de drogas a bordo do transatlântico e está presa há mais de quinhentos dias na Espanha. O pai da ex-funcionária do navio, Alexandre Frasson, esteve presente na discussão e apresentou informações para além do caso da filha – Alexandre mostrou situações em que brasileiros foram vítimas de cárcere privado, trabalho escravo, desaparecimento e até mesmo de assassinato nos navios. Alexandre afirma que a carga horária de trabalho nos cruzeiros por vezes chega a catorze horas diárias, que os salários prometidos antes do embarque muitas vezes não são cumpridos e que as grandes empresas do ramo não se comprometem com a saúde e a segurança dos funcionários. “Há também outro ponto muito complicado nos cruzeiros, que é a cumplicidade das armadoras (as empresas) com a atuação do narcotráfico dentro do navio”, afirma. Para ele, Bruna foi vítima de uma armação que envolve a participação do companheiro dela com o tráfico de drogas. O governo do estado Rio Grande do Sul, através da secretaria de Justiça e Direitos Humanos, acompanha a situação de Bruna em Barcelona. O secretário da pasta, Fabiano Pereira, destacou a necessidade de regulamentar as condições de trabalho dos brasileiros que buscam emprego nos navios. Fabiano destacou a atuação do senador Paulo Paim (PT-RS) neste debate. Paim, que veio a Porto Alegre para participar da discussão, conta que chegou a elaborar um projeto de lei sobre o assunto, mas que teve de recuar após manifestações contrárias da associação de trabalhadores do setor. “Apresentei um projeto, que foi contestado até com certa violência, por esta associação. No entanto, não desisti do tema e devo reapresentar a ideia a partir de dois projetos no Congresso, um em função do direito dos trabalhadores nos cruzeiros e outro em relação à atuação criminosa das empresas”, contou. Para Paim, ainda que a imagem dos cruzeiros esteja frequentemente vinculada às ideias de “charme e alegria”, muitas vezes há, por trás das aparências, opressão nas relações de trabalho. Renato Levanteze Sant’Ana, que representou o Ministério das Relações Exteriores na audiência pública, contou que o Itamaraty atualmente trabalha na confecção de uma cartilha para os brasileiros que buscam emprego junto às empresas do setor de cruzeiros internacionais. O material, que serviria como orientação para os funcionários, seria semelhante ao que já é oferecido para jogadores de futebol e modelos que deixam o Brasil para atuar no exterior