Congresso estreia o voto abertoPela primeira vez, vetos presidenciais a leis serão apreciados por deputados e senadores sem o escudo da votação secretaO Congresso inaugura hoje uma nova era na apreciação dos vetos presidenciais. Antes protegida pelo voto secreto, a análise passa a ser aberta, e a posição de cada deputado e senador ficará estampada no painel eletrônico.A mudança aumenta a transparência, mas também reforça a vigilância do Executivo sobre os parlamentares. A estreia do voto aberto não preocupa o governo. Como não tratam de projetos polêmicos, devem ser mantidos os três vetos da presidente Dilma Rousseff que constam na pauta. Vetar trechos ou a íntegra de projetos aprovados no Congresso é um direito do presidente, que, após externar sua contrariedade, tem a posição apreciada pelos parlamentares.Marcada para as 14h, no plenário da Câmara, a sessão é a primeira com esta finalidade desde a promulgação, em novembro, da emenda à Constituição que instituiu o voto aberto na análise de perdas de mandato e de vetos presidenciais.– A luz do painel é o melhor detergente. O eleitor cobra um mandato cada vez mais transparente – diz o senador Pedro Taques (PDT-MT).A transparência aparece nos discursos, contudo, o tema causou divergências até ser aprovado. O senador Jader Barbalho (PMDB-PA), que já renunciou ao mandato após denúncias de corrupção, defendeu a manutenção do sigilo na análise dos vetos, assim como seu colega Romero Jucá (PMDB-RR). Os dois alegam que a votação aberta inibirá a independência do parlamentar, que poderá ser patrulhado pelo governo e pela opinião pública.São raros os casos de vetos rejeitados, como da lei que reformulou o pagamento de royalties do petróleo, derrubado em março. O impacto do voto aberto na rejeição ou manutenção dos vetos é incerto. O senador Paulo Paim (PT-RS) acredita que, em temas polêmicos, será difícil seguir a orientação do governo sem ponderar a opinião do eleitorado:– O parlamentar ficará entre defender a demanda do eleitor, que ele representa, e a do Executivo. Poderá ser avaliado nas urnas por sua coerência.ZERO HORA