Senadores sugerem Lupicínio Rodrigues como patrono da MPB As canções “Se Acaso Você Chegasse” e “Felicidade” marcaram a abertura e encerramento da sessão em homenagem ao centenário de Lupicínio Rodrigues nesta segunda-feira (3), no Plenário do Senado. Requerida por vários senadores, especialmente os gaúchos Ana Amélia (PP-RS), Paulo Paim (PT-RS) e Pedro Simon (PMDB-RS), a sessão teve a presença do filho do cantor homenageado, Lupicínio Rodrigues Filho. As canções foram executadas pelo violonista Jorge Luís dos Reis Nunes, o saxofonista Jeová Lins dos Santos e a cantora Rosemaria Alves dos Santos. O filho de Lupicínio interpretou a canção \"Esses Moços\", no início da sessão. Ao final da reunião, Ana Amélia sugeriu a Paim que fizessem em conjunto um projeto de lei para declarar o cantor e compositor gaúcho patrono da música popular brasileira. Ana Amélia usou adjetivos como passional, brilhante, original, corajoso e perene para definir a vida e a obra de Lupicínio. A senadora lembrou que o cenário para as inspirações do cantor era o Rio Grande do Sul de 1936. A senadora gaúcha recordou que Lupicínio foi compositor do hino do Grêmio e de um jingle para a volta de Getúlio Vargas ao poder. Da obra de Lupi, como era conhecido, Ana Amélia tirou também ensinamentos para a política. - Todos os brasileiros, sobretudo os políticos da atualidade, são quem mais ganham com os cem anos de Lupicínio Rodrigues. Nas palavras das composições dele sobram lições de democracia e sugestões para melhores práticas políticas. Dizia ele, que o “pensamento parece uma coisa à toa, mas como é que a gente voa quando começa a pensar”. É entender o sentido das coisas – disse ela. O senador Paulo Paim disse considerar Lupicínio Rodrigues um filósofo, pois buscava o conhecimento de si mesmo e da existência humana. Para o senador, ele foi o criador da \"filosofia da dor de cotovelo\". Paim também ressaltou o fato de Lupicínio ter aberto as portas a muitos negros numa época em que havia mais preconceito que hoje. - Lupicínio Rodrigues buscou e alcançou o inatingível. Ele quebrou barreiras, abriu fronteiras para que hoje um negro estivesse aqui na tribuna do Senado homenageando e lembrando os cem anos dele. Esse era Lupicínio – falou Paim. O senador Fleury (DEM-GO) afirmou que a música de Lupicínio continuará para sempre e lembrou que seus pais namoraram ao som de canções do compositor. - Esta homenagem mostra para todos nós que a música perfeita, a música linda, a verdadeira música não tem idade. A idade é dele, mas as músicas continuarão para sempre – disse. Em um discurso emocionado, Lupicínio Rodrigues Filho falou da simplicidade de seu pai, um católico fervoroso e um visitante de várias cidades brasileiras. O filho do cantor disse que, quando criança, não conhecia ainda a dimensão do que representava o pai dele e que foi, ao longo do tempo, conhecendo a figura de poeta, compositor e artista do pai. - Meu pai, naquela época, saía a cantar por São Paulo, sozinho e a pedir que gravassem suas músicas. Voltava para casa, muitas vezes, com a metade da roupa que ele tinha levado. A outra metade, ele tinha vendido para poder voltar para casa – relatou. O filho do cantor ressaltou ainda o valor da poesia na época de seu pai. Para Lupicínio Rodrigues Filho, seu pai teve o poder de escrever, o poder de sentir a dor e de analisar a alma humana diante do sofrimento. Além dos senadores citados, também compuseram a mesa o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) e o \"cônsul\" do Grêmio em Brasília, Vilmar da Silva Fogaça. Lupicínio Rodrigues nasceu em Porto Alegre, no dia 16 de setembro de 1914. Começou a compor ainda na adolescência e, muito cedo, deixou aflorar seu lado boêmio. Lupi é tido como o criador do estilo musical da dor de cotovelo, que abarca canções que tratam das desilusões amorosas, temática central de suas composições. As músicas, autobiográficas ou inspiradas em histórias de amigos, conquistaram fãs em todo o Brasil, em especial em sua terra natal, que Lupicínio nunca abandonou. Lupicínio Rodrigues morreu em Porto Alegre, em 27 de agosto de 1974, aos 59 anos, com problemas no coração. Agência Senado