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20.Fevereiro
Resistência na base

As propostas do governo de ajuste fiscal, que já estavam dando munição para a oposição e para a parte rebelde da base aliada, podem acabar alienando a parte da base que ainda está com o governo. Cerca de metade dos parlamentares petistas são contrários às medidas e se sentem constrangidos e traídos, já que não foram consultados pelo governo. “Por que o governo não enfrenta o grande debate da tributação dos lucros, da taxação das grandes fortunas? O próprio PT está constrangido, não só a bancada. Isso vai na contramão do que foi prometido na campanha”, disparou o senador Paulo Paim (PT). Ele apresentou 47 emendas a duas medidas provisórias que tratam de direitos previdenciários e trabalhistas. Ele também apresentou um requerimento para que os ministros Miguel Rossetto (PT), da Secretaria-Geral da Presidência, Carlos Gabas, da Previdência, e Manoel Dias, do Trabalho, sejam convidados a discutir com as centrais sindicais. “Não é dessa maneira que se resolve”, lamentou o senador. O ministro das Relações Institucionais, Pepe Vargas (PT), anda trabalhando muito para apagar o fogo. “Não temos nenhum objetivo de recuar, de retirar direitos, pelo contrário, mesmo que, eventualmente, tenhamos que fazer determinadas correções em alguns benefícios que são direitos do povo brasileiro”, disse durante encontro com servidores dos ministérios que fazem a interlocução entre o governo federal, estados e municípios.Proposta de Dilma“Direitos estão sendo retirados. Quando uma pessoa ficar doente, quando uma pessoa, por ausência do Estado, por exemplo, for assassinada, sabem o que a Presidente Dilma propôs?”, perguntou o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM). E respondeu logo depois com uma historinha. “Vamos imaginar um jovem casal, marido e mulher, com 35 anos de idade. O marido é vítima de um homicídio, de um latrocínio, por falta de polícia, por falta de estrutura. Têm um filho de dois ou três anos de idade. Sabem o que a presidente Dilma propôs a esta Casa? Que esta mãe receba apenas três anos de pensão. Vou repetir: três anos de pensão. Por quê? Porque criaram as faixas, para fazer uma poupança macabra com a vida das pessoas. É isso que o PT está propondo, é isso que a presidente Dilma está propondo.”Reforma elitista“A reforma política que está sendo discutida atualmente na Câmara não pode representar, em sua versão final, aquilo que o povo brasileiro almeja como reforma política, porque ela estabelece o voto facultativo, que é elitista; estabelece distritos; reduz a Câmara dos Deputados e o Congresso Nacional; e constitucionaliza o financiamento privado. Trata-se de uma antirreforma”, disse a deputada federal Maria do Rosário (PT). De acordo com ela, o texto discutido não foi debatido com a sociedade. “Há um consenso que construímos ao longo do último período, inclusive por termos realizado, em 2014, as eleições mais caras que o País já viu. Mas democracia é muito mais do que valores financeiros. Aliás, a democracia não pode estar sujeita à influência do poder econômico”, completou.   JORNAL do COMÉRCIO – Edgar Lisboa