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23.Fevereiro
Demissões nos estaleiros de Rio Grande e São José do Norte (RS)

Senhor Presidente,Senhoras e Senhores Senadores.Uma verdadeira onda “tsunami” de demissões atingiu o setor naval das cidades de Rio Grande e São José do Norte, no Rio Grande do Sul. O Sindicato dos Metalúrgicos informa que entre novembro e janeiro deste ano, 16 mil pessoas ficaram desempregadas. Sabe-se que demissões...... também estão ocorrendo nos estados da Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro.  Várias manifestações já ocorreram na cidade de Rio Grande com apoio da Federação dos Metalúrgicos do RS, centrais sindicais, confederações, e outros movimentos sociais. O comércio local, empresários, transporte coletivo, a sociedade civil como um todo, agentes políticos, prefeitura, vereadores, deputados estaduais e federais, também aderiram à mobilização.Na sexta-feira, dia 20, passada recebi uma mensagem do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande e São José do Norte, Benito de Oliveira Gonçalves. Diz ele:... Prezado Senador Paulo Paim. Venho, respeitosamente, por meio deste, solicitar um pedido de socorro em nome de toda a classe trabalhadora das cidades de Rio Grande e São José do Norte,... Quero relatar que o momento aqui esta um caos, devido a grande incerteza do setor Naval. E, para piorar, já não bastasse a demissão de mais de 16 mil trabalhadores... ... (já fomos 24 mil aqui, e, hoje, não chegamos a sete mil), o Grupo QGI que tinha a nossa esperança com os contratos das P-75 e P-77,... ...esta semana coloca na mídia que devido a falta de comprometimento, não da Petrobras, mas de alguns diretores que deixaram de cumprir o pagamento de serviços feitos,... ... além do contrato, coloca a disposição os dois contratos, pois alega que não está havendo negociação por conta da Petrobras. Senador Paulo Paim - prossegue o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos - só gostaria de lembrar que quando se diz que uma empresa é corrupta... ... estão esquecendo da funcionária do cafezinho, do ajudante do soldador, de toda classe trabalhadora, de toda a sociedade que vive de forma direta e indireta em torno da empresa. Por isso, senador, eu lhe pergunto: é justo deixar esses seres humanos, dignos e sofridos, desempregados pela incompetência de algumas pessoas?  As empresas, os seus diretores, podem ser punidas por estarem envolvidos,... mas o nome da Petrobras não pode ser arrolado por conta de alguns. Não estamos só defendendo a Petrobrás. Estamos, sim, defendendo toda uma sociedade que acreditou na retomada do setor naval, que se qualificou muitas vezes vendendo até mesmo objetos pessoais para ter uma oportunidade... ... E quem entrou para o setor? Que acreditou nos juros baixos e fez investimentos para ter sua casa, seu carrinho ou até mesmo um terreno, ou quem sabe para viver um sonho prometido de uma vida diferente...A quem podemos pedir ajuda senador Paim? Não gostaríamos de acreditar que tudo não passou de um sonho ou até mesmo de um projeto para nos iludir. Minha opinião, senador Paim, é muito particular. Além de tudo poderemos perder para a China e Indonésia, países onde é mais barato a construção... ... pelo fato da mão de obra ser quase escrava. Será que meu país vai continuar incentivando esta pratica de escravidão,  retirando nosso trabalho e mandando para lá.  Neste sentido te peço socorro em nome de milhares de trabalhadores que um dia acreditaram em alguém que disse a seguinte frase:... ... tudo que pode ser feito no Brasil será feito no Brasil.  Somos brasileiros, temos sonhos e sabemos que uma simples decisão corajosa de alguém que prometeu nos defender pode não deixar este barco afundar novamente, e se isso não acontecer somente Deus poderá nos salvar. Senhoras e Senhores Senadores. Na próxima sexta-feira, dia 27, o ministro Miguel Rosseto, da Secretaria-Geral da presidência da República vai receber, no Palácio do Planalto, uma comitiva lá do meu Rio Grande do Sul para tratar o assunto... Este grupo será composto por representantes de entidades sindicais, lideranças políticas e da sociedade civil.   Eu estarei lá.  Os trabalhadores e a comunidade em geral estão unidos em defesa dos direitos e dos postos de trabalho do Polo Naval e de toda a cadeia de investimentos que ele representa para a região, para o Rio Grande do Sul e para a economia brasileira.  Senhor Presidente,   Não há como não se emocionar com a mensagem do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, e grande brasileiro, Benito de Oliveira Gonçalves.   Os trabalhadores não podem pagar a conta por atos ilícitos de pessoas que não estão comprometidas com o coletivo, com o social, com o desenvolvimento do nosso país.   A minha origem é o movimento sindical. Fui presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas. Presidi a central estadual dos trabalhadores. Ajudei a criar a CUT e fui seu primeiro secretário-geral. Cresci ouvindo meu pai falar em Getúlio Vargas, na CLT, nos direitos dos trabalhadores, aposentados e pensionistas, na defesa dos discriminados, na campanha o Petróleo é Nosso, na soberania nacional.   Só tenho a dizer que nunca me afastei das minhas raízes e da luta dos trabalhadores brasileiros... ... Eu venho do chão de fábrica. Eu sei o que é cheirar ferro quente e derretido nas fundições, eu sei qual é o calor do fogo da solda...  Eu sei qual é o som da batida do martelo-de-tonelada nas forjarias.  Isso faz parte da minha vida e disso eu não abro mão. A vocês metalúrgicos de Rio Grande e São José do Norte, a vocês trabalhadores, homens e mulheres do nosso país, lembro aqui,  de uma passagem do filme Vinhas da Íra... Onde houver uma luta para que os famintos possam comer, nós estaremos lá. Estaremos onde os homens gritam quando estão enlouquecidos.  Estaremos onde as crianças riem quando estão com fome e sabem que o jantar está pronto.  E quando as pessoas estiverem comendo o que plantaram e vivendo nas casas que construíram, todos nós também estaremos lá. Não podem acabar conosco. Vamos continuar a nossa luta. Pois nós somos o povo.  Em defesa dos empregos, em defesa do Polo Naval, em defesa da Petrobrás, em defesa da dignidade e da justiça. Viva o Brasil.  Era o que tinha a dizer, Senador Paulo Paim.