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11.Maio
A morte do senador Luiz Henrique da Silveira e do ex-ministro da Agricultura Mendes Ribeiro

Senhor Presidente,Senhoras e Senhores Senadores.Quando a política perde alguns de seus mais sagrados nomes, de seus faróis, de suas luzes, de seus mirantes, de seus mangrulhos... O peito, de todos nós, que vivemos neste universo, que respiramos este ar, dói, arde, queima, transborda como que um vulcão que explode; que chora;... ...que perde o rumo. Ainda mais quando esses nomes não passaram despercebidos nas nossas vidas. Entraram nas nossas vidas... Eram amigos. Ontem, domingo, 10 de maio, Dia das Mães, perdemos dois nomes do mais alto quilate da politica brasileira. Dois nomes que já estavam na história, por suas condutas, suas biografias: o ex-ministro da Agricultura do governo Dilma Rousseff e ex-deputado federal, o gaúcho Mendes Ribeiro Filho e o...... ex-governador de Santa Catarina e atual senador da República, Luiz Henrique da Silveira. Ambos eram militantes do PMDB. Conheci o Mendes Ribeiro nos primeiros anos de 1980. Ele fazendo campanha para vereador em Porto Alegre. E eu, na luta sindical, nos Metalúrgicos de Canoas.   Jorge Alberto Portanova Mendes Ribeiro Filho era advogado.  Iniciou a carreira política em 1982, quando foi eleito vereador em Porto Alegre. Foi deputado estadual por dois mandatos e, nos Governos do PMDB, comandou quatro secretarias estaduais: Justiça, Obras Públicas, Saneamento e Habitação e Casa Civil.Foi deputado federal por cinco mandatos consecutivos. No último mandato na Câmara dos Deputados se licenciou de agosto de 2011 a março de 2013 para comandar o Ministério da Agricultura, sendo o terceiro gaúcho do PMDB a comandar a pasta. Quando eu recebi a noticia da viagem do amigo Luiz Henrique, eu estava sorvendo um chimarrão, aqui em Brasília. Quieto no meu canto. Apegado a mim mesmo...... Aos meus pensamentos. Acarinhando os meus olhos mal dormidos. Construindo ideias e traçando rumos, sonhos, pois sem isso, o que seria das nossas vidas. O que seria de nossos dias. Luiz Henrique da Silveira era advogado. Iniciou sua vida pública em 1971, quando foi eleito presidente do Diretório Municipal do MDB de Joinville. Foi prefeito de Joinville por três mandatos, deputado federal Constituinte, deputado federal (cinco mandatos), deputado estadual e governador de Santa Catarina por dois mandatos, entre 2003 e 2010. Integrou o chamado PMDB autêntico, grupo mais próximo de Ulysses Guimarães. Foi ministro de Ciência e Tecnologia, 1987 e 1988, no governo José Sarney. Presidiu o PMDB Nacional, entre 1993 e 1996. Em 2011, ele assumiu o cargo de senador, no qual ficaria até 2019.Conheci o amigo Luiz Henrique durante os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte. Ele fazendo a sua parte, lutando por um Brasil Nação, por melhores dias para os brasileiros. Atuou nas comissões de Organização dos Poderes e Sistema de Governo e na de Trabalho e Legislação Social. Ali na Constituinte eu percebi que estava diante de um grande homem. Passei a admirá-lo mais ainda aqui no Senado. O politico, o senador, o brasileiro, o colega, o amigo, o pai, o esposo, o avô. Ele foi imprescindível na proposta de renegociação das dívidas dos estados e municípios. Foi o relator. Um belíssimo trabalho que as futuras gerações ainda iram aplaudir.  O senador Luiz Henrique era um extraordinário homem público, democrata e humanista. Um brasileiro apaixonado pelo que fazia. A sua marca e o seu atavismo eram notados por todos nós. Estavam lá: nas pequenas coisas cotidianas aos acalorados embates no Congresso Nacional. Um líder nato que compreendia que a força do diálogo é base da boa politica. O Brasil chora a sua morte.Ontem à noite o céu de Brasília estava estrelado. O céu do Brasil estava mais iluminado... Chorei... Chorei de alegria por ter conhecido Luiz Henrique. Foi quando me lembrei de uma canção que ele gostava muito. E que faz parte de um DVD que ele me presenteou. “Vai tua vida. Teu caminho é de paz e amor. A tua vida. É uma linda canção de amor. Abre os teus braços e canta. A última esperança... ...A esperança divina. De amar em paz. Existiria a verdade. Verdade que ninguém vê. Se todos fossem no mundo iguais a você”.Senador Luiz Henrique da Silveira... Se todos fossem iguais a você.Assim falam as antigas escrituras: “Uma geração vai, e outra geração vem. Porém a terra para sempre permanece. E nasce o sol, e põe-se o sol,...... e volta ao seu lugar donde nasceu. O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo seus círculos”.  Esses homens, como bons sulistas, que amam uma cavalgada, seus pingos, estão lá nas pradarias do céu, nas invernadas, tropeando. Estão nos galpões campeiros, se aquecendo junto a um fogo de chão. Estão cantando, proseando, quem sabe, refletindo sobre o momento atual do Brasil, junto a......  Getúlio Vargas, João Goulart, Tancredo Neves, Ulisses Guimarães, Leonel Brizola,... Floriceno Paixão, Marcos Freire, Mario Covas, Cristina Tavares, Ruth Cardoso, Florestan Fernandes,..... Plínio Arruda Sampaio, João Hermann, Paulo Brossard, Rodolpho Tourinho, e tantos outros.Estão lá em roda de chimarrão. Estendendo as mãos em fraterna comunhão. São homens que já lapidaram a pedra bruta e em vida ofereceram as suas vidas para o bem do Brasil.A eternidade a esses homens pertence. A história esses nomes eternizou. Cada um do seu jeito.  Vida longa para os ideais de Luiz Henrique da Silveira e Mendes Ribeiro Filho.Era o que tinha a dizer,Senador Paulo Paim.