PARAÍBA Quem ouve meia hora de entrevista do senador Paulo Paim (PT/RS), a quem tive o prazer de sabatinar essa semana ao lado dos companheiros Wellington Farias e Fabiano Gomes, no Correio Debate (Correio Sat FM), chega a duas impressões: o Brasil ainda tem jeito e se posturas como a dele forem ouvidas o PT pode se salvar. O parlamentar gaúcho passa ao largo da desfaçatez da maioria dos seus pares petistas, obcecados à vã tentativa de saltar dos graves erros do partido com um maniqueísmo barato e vazio, que já não convence nem os adeptos da legenda, muito menos o cidadão frustrado com os descaminhos do atual governo. Para a evidente constatação do estelionato eleitoral cometido pela presidente Dilma, Paim não doura a pílula e admite: “Houve uma falha naquele momento de não assumir que as coisas não estavam bem”, acentua, lembrando do falso País das Maravilhas vendido pela petista em todos os debates e entrevistas para se reeleger. A descoberta do Petrolão, tida pelos fundamentalistas do PT como uma invenção da mídia golpista ou uma orquestração da elite brasileira, é para Paulo um ponto de frustração, decepção e constrangimento, segundo ele mesmo admitiu na conversa irradiada para a Paraíba inteira. “Fiquei muito constrangido”, confessou. Sobre o ajuste fiscal, adotado pelo governo para equilibrar as contas e tapar os buracos deixados pelas peripécias governamentais, o senador petista condena o foco das medidas aplicadas justamente contra os trabalhadores. Para quem passou 30 anos lutando por esse segmento, foi um choque e surpresa, confidencia. Ao tempo em que faz a necessária autocrítica, Paim também defende a presidente Dilma do envolvimento direto nos desvios constatados pela Justiça, Polícia Federal e Ministério Público. O povo não vê Dilma envolvida em atos de desonestidade, raciona o senador, levantando a bandeira da permanência da chefe da Nação no cargo. A serenidade do senador brilha, sobretudo, quando contraposta ao histerismo de parte do PT. Se tiver juízo, ao invés de isolar gente como Paim, o petismo dever tirar lições de sua pregação e virar a página policial de sua história. Enquanto houver tempo. Conselho… “O PT tem que voltar as suas raízes”, exorta Paulo Paim, registrando a histórica luta de 30 anos do partido pela distribuição de renda e diminuição das desigualdades sociais. …De amigo Admirador pessoal de Dilma, Paim aconselha a presidente a buscar sair da crise com sinceridade e franqueza. “A presidente tem que sair para dialogar”, receita Paulo.