Na Assembleia Legislativa do Piauí, os trabalhadores presentes na audiência pública organizada ontem pela Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado aprovaram a Carta de Teresina, contra oprojeto de lei que amplia aspossibilidades de terceiriza-ção no mercado de trabalho. A audiência pública foi conduzida por Paulo Paim (PT-RS) e contou com a presença de dois senadores piauienses, Regina Sousa (PT) e Elmano Férrer (PTB), que também se declararam contrários ao PLC 30/2015, que prevê a terceirização deatividades-fim. Paulo Paim foi enfático contra a terceirização: — É o aluguel de pessoas. Esse projeto descaracteriza as relações de trabalho, acabando com as classes profissionais. Não teremos mais enfermeiros ou metalúrgicos,mas um número que atende a uma empresa que não tem qualquer identidade com aquele trabalhador. Reduz salários e ainda gera muitomais acidentes de trabalho, com uma enorme rotatividade do emprego. Ele lembrou que, dos 50 mil trabalhadores resgatados da condição de trabalho escravo nos últimos anos pelos fiscais do Ministério do Trabalho, 40 mil eram terceirizados. O senador já passou por 13 estados discutindo o projeto de terceirização e hoje estará no Maranhão, onde presidirá uma audiência semelhante às 14h. Para o coordenador do Fó-rum em Defesa dos Direitos dos Trabalhadores Ameaçados pela Terceirização, Maximiliano Garcez, é importante o apoio de parlamentares como os do Piauí, que se declararam contrários ao PLC 30/2015. — Aos demais, faço voto de que, votando contra os trabalhadores, nunca mais tenham votos — ironizou. Segundo Regina Sousa, a terceirização exige reação dostrabalhadores: — Terceirização é um debate antigo e uma pauta conservadora que foi ressuscitada. Os trabalhadores precisam reagir. A comissão [CDH], ao percorrer o Brasil, ajuda os trabalhadores a reagir contra o desastre que é a terceirização. Cito exemplo. Antesera apenas uma. Agora são duas, três ou mais empresas que vão ganhar em cima do trabalhador. As pessoas precisam participar deste debate no Congresso Nacional. Elmano Férrer defendeu a democracia no atual momento de crise política enfrentada pelo país: — Nós estamos num momento delicado da história, que exige de nós reflexão. Já vivemos a ditadura e sabemos como foi duro aquele período contra os trabalhadores. Vivemos também estes 30 anos de democracia e vamos defendê-la. Fonte: Jornal do Senado