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21.Outubro
Paulo Paim destaca publicação de sociólogo sobre o racismo no país

O livro considera falsa a idéia, em vigor no Brasil, de que a mistura de etnias é fator de integração OPORTUNIDADE Segundo Paulo Paim, o autor manifesta apoio às políticas afirmativas Num país dominado pela idéia da mistura de etnias como fator de integração, descobre-se que crianças e adolescentes negros têm mais dificuldade em passar de ano, mesmo quando os alunos brancos considerados na comparação são irmãos desses estudantes negros. É o que afirma o sociólogo norte-americano Edward Telles em seu livro Racismo à Brasileira, cuja resenha foi lida ontem em Plenário pelo senador Paulo Paim (PT-RS). Escrita pelo jornalista Elio Gaspari e publicada em vários jornais, a resenha classifica o livro de Telles, professor da Universidade da Califórnia, como obra destinada a "ferir profundamente" o mito da democracia racial brasileira. Usando a estatística como uma de suas ferramentas principais, o estudioso norte-americano mostra, por exemplo, que entre os 1.060 diplomatas brasileiros há apenas oito negros. Essa desigualdade não impediu o embaixador Celso Amorim, hoje ministro das Relações Exteriores, de afirmar, em reunião em Genebra, em março de 2000, que "a essência do Brasil como nação se expressa através da afirmativa mistura étnica e da tolerância". Empenhado em aprovar até o fim deste ano o Estatuto da Igualdade Racial, Paulo Paim recomendou a leitura do livro e pediu que a resenha, lida por ele na íntegra, fosse incluída nos Anais do Senado. – O livro manifesta apoio às políticas afirmativas – comentou o senador, referindo-se a medidas como a reserva de vagas para negros nas universidades públicas. Comparando números brasileiros e norte-americanos de 1960, ano em que o sistema de cotas começou a vigorar nos Estados Unidos, e 1996, Telles constatou que em 1960 um branco norte-americano tinha 3,1 vezes mais chances de se tornar profissional liberal do que um negro. Trinta e seis anos depois, as chances caíram para 1,6. No Brasil, as chances do branco, que eram de 3,1 em 1960, aumentaram para 4,8, no caso das mulheres, em 1996.