Confira a entrevista: https://soundcloud.com/betaredacao/entrevista-com-paulo-paim Em entrevista à Beta Redação, senador petista falou sobre o atual momento do país e admitiu estar conversando com outros partidosÚnico senador do Partido dos Trabalhadores, ao lado de Walter Pinheiro (PT-BA), a votar pela manutenção de Delcídio do Amaral na prisão, Paulo Paim está decepcionado com o atual momento político do país, sobretudo com o atual momento de seu partido. Na semana passada, durante a repercussão da prisão de Delcídio, Paim já havia admitido a possibilidade de deixar a sigla até o fim do ano, informação que voltou a confirmar em conversa com a reportagem da Beta Redação.“Sem sombra de dúvida o Brasil atravessa um momento muito ruim.É uma crise econômica, social, política, ética e moral. Chegamos ao absurdo do presidente da Câmara fazer uma chantagem com a presidente da República para se manter no posto. Isso é o fim do mundo para aqueles que são amantes da democracia. A política no Brasil hoje virou um grande negócio, e por isso o nosso descontentamento. Por isso que hoje a gente tenta buscar outro caminho e estou fazendo essa reflexão, conversando com tanta gente”, explica o senador, referindo-se aos outros partidos com que estaria conversando.Embora cauteloso, Paim já vem falando sobre sua desfiliação do PT desde o início do ano. Fontes próximas ao senador garantem que a decisão já está tomada e que não há mais clima para a sua permanência no partido. O senador desconversa e promete anunciar sua decisão até o Natal. Por enquanto, Paim confirma que está conversando com cerca de 10 siglas, entre elas PSB, PV, PDT, PTB e inclusive partidos novos, como a Rede. Paim é um dos nomes mais importantes do PT no Rio Grande do Sul. Após presidir o Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas e chegar à vice-presidência da CUT, filiou-se à sigla em 1985, sendo eleito no ano seguinte deputado federal, e reeleito em quatro oportunidades. Após se notabilizar nacionalmente por se envolver com questões trabalhistas e com a defesa dos aposentados – o parlamentar foi autor do projeto de lei que criou o Estatuto do Idoso –, Paim disputou o cargo de senador, em 2002, sendo eleito e posteriormente reeleito, em 2010, como candidato mais votado do Rio Grande do Sul.Para o cientista político e jornalista Bruno Lima Rocha, a desfiliação de Paulo Paim, caso aconteça, é uma perda bastante significativa para o PT: “Sua saída enfraquece o partido no Rio Grande do Sul e o deixa mais distante da legitimidade das décadas anteriores. O senador Paim opera como um político de distintas clivagens. Ele tem entrada em bases sindicais, aposentados, e ainda conta com bom trânsito nos demais partidos”, explica.Bruno explica que, em função de Paim sempre fazer boas votações na região do Vale do Sinos, o PT pode enfrentar outro problema com a saída do senador: “Enfraquece uma possível candidatura de Jairo Jorge [prefeito de Canoas ao Piratini, hoje o nome mais forte do PT para concorrer ao governo do Estado. Esse enfraquecimento já vai começar a ser percebido, caso a desfiliação ocorra, na corrida à prefeitura de Canoas, em 2016”, ressalta. O presidente do PT no Rio Grande do Sul, Ary Vanazzi, acredita na permanência do senador e explica que a cúpula nacional do PT vai se reunir, neste sábado, dia 4, para decidir uma série de questões, inclusive a possível expulsão de Delcídio. Para Vanazzi, essas questões podem influenciar na decisão do senador gaúcho de seguir no partido. “O Paim está descontente com a situação atual do PT, assim como eu e muita gente. Mudanças precisam ser feitas. Nós acreditamos na permanência dele. Temos um profundo respeito pelo trabalho do senador, esperamos que ele se mantenha conosco, mesmo neste momento difícil”, explica o ex-prefeito de São Leopoldo.