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16.Fevereiro
Paim sobre o zika vírus e a microcefalia: Responsabilidade é do governo brasileiro

O petista Paulo Paim (RS) disse na tribuna do Senado Federal, nesta terça-feira (16), que está horrorizado com os casos de microcefalia que crescem a cada dia em todo o país. “Infelizmente, já podemos dizer, que a geração que nasce agora será marcada por essa tragédia”.  “Se o próprio governo federal diz que a microcefalia é causada pelo zika vírus, deve também se responsabilizar efetivamente pela prevenção à doença. Mas, não é a isso que assistimos hoje. Meu Deus, a que ponto chegamos”, afirmou.  O último boletim do Ministério da Saúde aponta que há 462 casos já confirmados de microcefalia em todos os estados brasileiros, além de outros 3.852 suspeitos. Houve também 24 óbitos confirmados em razão da síndrome – incluindo abortos espontâneos e natimortos – e outros 59 casos continuam em investigação. Para Paulo Paim, “os números são estarrecedores e mostram que o país não tem uma política efetiva de prevenção”.  Eles ficam ainda mais surpreendentes ao “nos darmos conta de que todas essas notificações datam de um período muito curto, de pouco mais de três meses – entre 22 de outubro de 2015 e o último dia 6 de fevereiro”.   Na opinião do senador, se o zika vírus se espalhou de forma tão rápida pelo Brasil foi porque encontrou um ambiente absolutamente favorável.  “O vetor do vírus é um velho conhecido nosso – o mosquito Aedes aegypti, responsável pela febre amarela, pela chikungunya e pela dengue, assola nosso país há vários anos”. No sábado (13) o governo federal realizou um mutirão nacional de combate aos focos de proliferação do Aedes aegypti. “Foi um fato positivo, mas muito aquém do necessário”, comentou Paim. Mais de 200 mil militares participaram da mobilização, cuja meta foi a visita a 3 milhões de residências em 350 cidades.  Conforme o senador, a reflexão que deve ser feita é:  80% dos municípios brasileiros (4.500) enfrentam problemas como falta de saneamento básico e coleta de lixo, circunstâncias ideais para proliferação do mosquito da dengue e do zika.   BUROCRACIA Há um mês, o Ministério da Saúde anunciou que iria distribuir para a rede pública de saúde testes rápidos para detecção dos vírus da dengue, zika e febre chikungunya.  Segundo o ministro Marcelo Castro, os kits, produzidos pela Fiocruz, serão mais baratos e entregarão os diagnósticos muito mais rapidamente que os atuais. O prazo máximo para cada resultado cairá de 24 para 3 horas. Uma medida de extrema relevância. O diagnóstico preciso e rápido é uma ferramenta importante para o trabalho dos médicos e dos gestores de saúde pública. “Mas, enquanto isso não ocorre, os hospitais sofrem com a falta até mesmo de testes para diagnóstico somente da dengue”, comentou Paim. No meio da maior epidemia da doença na história do país, o atraso na entrega dos kits chega a cinco meses.  O Ministério da Saúde afirmou que a demora é decorrência de problemas na licitação.  “Como é possível admitir que entraves burocráticos cerceiem o acesso ao direito à saúde?”, questionou o senador Paulo Paim.  APOIO O governo federal anunciou uma parceria com os Estados Unidos para o desenvolvimento de uma vacina e afirmou que ela estará disponível em até três anos. Para Paim, enquanto isso não ocorre é preciso oferecer apoio adequado às famílias das crianças que já nasceram com a síndrome. Os pais, mães, avós e irmãos precisam ser informados sobre as reais condições de seus familiares, sobre suas potencialidades, os cuidados especiais necessários e as providências que podem ser tomadas desde já para que as crianças sofram o mínimo possível ao longo da vida. Paim aponta que cabe ao governo estruturar equipes de saúde multidisciplinares – com médicos, psicólogos, assistentes sociais, dentistas, enfermeiros e quem mais puder auxiliar –, além de assegurar que esses profissionais estejam à disposição das famílias em todo o país, nas capitais e no interior. “Não há exagero em afirmar que estamos no meio de uma crise de proporções ainda obscuras, mas definitivamente grandiosas. É preciso que todos cidadãos façam uma corrente do bem no combate ao Aedes aegypti. O estado é responsável para proteger a população contra essa ameaça, mas cada brasileiro tem que fazer a sua parte. Essa luta é de todos, finalizou.