Em sessão especial no Senado, parlamentares apoiaram pedido de associações para que o governo não mude o sistema previdenciário. Proposta da presidente Dilma deve ser enviada em breve ao Congresso REPRESENTANTES DE FEDERAÇÕES e associações de aposentados pediram ontem, durante sessão especial no Senado, que não seja feita reforma na Previdência Social. Paulo Paim (PT-RS), que teve a iniciativa da sessão de homenagem aos aposentados e a presidiu, disse que vai combater duramente a reforma, que está prestes a ser encaminhada ao Congresso pela Presidência da República. O senador afirmou que, caso a reforma seja enviada nos moldes em que está sendo anunciada, ele irá aos 27 estados para debater o assunto. Ele acrescentou que deputado e senador que votarem nessa reforma, “se depender do povo, não se elegem mais para nada”. Paim fez ainda um discurso em nome do presidente do Senado, Renan Calheiros, em que este aponta a necessidade de recompensar os aposentados com uma política pública de efetiva proteção social, como está na Constituição: — O projeto que nós já aprovamos aqui no Senado e está na Câmara diz, sim, que o aposentado tem que voltar a receber o número de salários mínimos que ele recebia na época em que se aposentou. Segundo Paim, os problemas do sistema previdenciário brasileiro são a sonegação, “a roubalheira” e a inadimplência. — A quem interessa a mentira, e desafio qualquer um a fazer esse debate comigo, do rombo das contas da seguridade? — protestou o senador. Resistência Para aposentados presentes, a reforma interessa aos que querem privatizar todo o sistema de previdência. — Temos que lutar por uma Previdência que dê segurança a nós e aos trabalhadores do futuro — disse Iburici Fernandes, presidente da Central Nacional dos Aposentados, pensionistas e Idosos. Para Marisa Ramalho, presidente da Federação das Mulheres Unidas de Brasília e Entorno, o aumento de dez anos no prazo de contribuição para a aposentadoria feminina é “uma bomba do governo para cima das mulheres”. As senadoras Ana Amélia (PP-RS) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) também se posicionaram contra a reforma. — Não é com aumento de impostos que vamos resolver os problemas nacionais e nem tampouco penalizando ainda mais esta classe que está aqui. Não é penalizando e tirando direito adquirido que vamos resolver os problemas do país — disse Ana Amélia. — Se nós lutamos para que o aposentado tenha hoje o nível de reajuste salarial igual ao que tem o salário mínimo, do outro lado tem gente querendo fazer reforma previdenciária para tirar ainda mais direitos dos aposentados e, principalmente, das mulheres. Não vamos permitir — afirmou Vanessa. A sessão de homenagem ao Dia do Aposentado, celebrado em 24 de janeiro, foi aproveitada pelos representantes dos aposentados também para defender a aprovação de propostas em análise na Câmara. Entre elas, está o Projeto de Lei 4.434/2008, sobre reajuste dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, e a Proposta de Emenda à Constituição 555/2006, que acaba com a contribuição de inativos. Paim pediu à presidente Dilma Rousseff que reveja a decisão de enviar ao Congresso a proposta de reforma, prevista para abril ou maio: — Então, presidenta, fica aqui o apelo desta plenária do Senado: revise sua posição, não mande esse projeto de reforma da Previdência. Todo mundo sabe que, quando se fala em reforma, é retirada de direitos. Paim pede ao governo que não envie a proposta de alteração ao Congresso Após a sessão, Paulo Paim fez pronunciamento em Plenário em que voltou a pedir ao governo federal que não mande ao Congresso a proposta de reforma da Previdência. Para ele, “mexer nisso agora vai complicar a vida de todos nós, inclusive do governo”. O senador lembrou que há alguns meses já foram aprovadas mudanças no setor e que não se pode mexer nas aposentadorias toda vez que o país passa por uma crise econômica. Ele disse que não é verdade que a Previdência seja deficitária, pois o setor tem um superavit médio de R$ 50 bilhões por ano. Os bancos que querem privatizar a Previdência estão de olho nesse dinheiro, afirmou o senador. — A mulher, da área pública ou privada, que agora se aposenta aos 55, vai passar para 65, 10 anos a mais; e o homem, de 60 para 65, segundo dizem — criticou. Paim também falou sobre as audiências públicas que coordenou em Cuiabá e Campo Grande para debater o projeto que regulamenta a terceirização (PLC 30/2015). Jornal do Senado