O vice-presidente do Senado, Paulo Paim (PT-RS), informou ontem ter ouvido do presidente da Câmara, João Paulo Cunha, que não há qualquer possibilidade de incluir novas matérias na pauta da convocação extraordinária do Legislativo. Na mesma entrevista, Paim admitiu que, em 2004, "seguramente o Congresso mudará as regras referentes ao recesso parlamentar". Este ano, mediante os fatos colocados com muita clareza por toda a sociedade, há espaço para que a gente faça uma mudança. Sinto que a crítica maior é contra o pagamento dos parlamentares. Por que um pagamento extra se o parlamentar está sendo chamado a complementar a reforma da Previdência? Paim afirmou que Senado e Câmara deverão unir-se para fazer essa mudança, prevista em proposta do então senador e hoje deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), e que aguarda parecer da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Além de reduzir a duração do recesso, a proposição (PEC 3/00) acaba com o pagamento extra durante as convocações. O relator da matéria é o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE). O senador gaúcho explicou que não houve entendimento para que essa matéria fosse incluída na pauta da convocação extraordinária, mas há um acordo entre as duas Casas do Congresso para que, na primeira semana de trabalho após o recesso, se inicie o exame da questão. Eu estou convencido de que estamos caminhando bem nessa linha de diminuir o recesso ou pelo menos assegurar que, se houver convocação extraordinária, não haja pagamento extra. Isso tem lógica porque todos nós recebemos salário normalmente no fim do mês. Não há por que receber um outro salário. Paim definiu como uma questão de honra para o Congresso aprovar, durante a convocação, a emenda paralela, que altera a reforma da Previdência. Já pensou chegarmos ao dia 1º de abril, que é o Dia da Mentira, e a PEC 77 não ter sido aprovada? Aí de fato fizemos nós todos de bobos. Aí a reação será muito dura e muito forte.