Em sessão especial no Plenário para homenagear o 1º de Maio, Dia do Trabalhador, por requerimento do senador Paulo Paim (PT/RS), representantes de entidades de trabalhadores e senadores manifestaram-se contrários ao processo de impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff, por acreditarem que se seguirá uma retirada de direitos trabalhistas num possível governo do vice-presidente Michel Temer.
Paim afirmou que o 1º de Maio deste ano foi de tristeza porque estão “atacando covardemente a democracia”. O senador disse que a presidente, a seu pedido, não enviou a reforma da Previdência ao Congresso, mas que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, constituiu um grupo de trabalho para reformar a Previdência Social. “Se acontecer o pior, nós teremos na presidência da República, o senhor Eduardo Cunha? Eu duvido que o povo brasileiro queira isso”, afirmou. Assista o vídeo
A sessão iniciou-se sob a presidência do senador Jorge Viana (PT-AC), que lamentou estar vivendo esse momento na política brasileira. Ele disse não acreditar num julgamento justo da presidente da República, porque o próximo governo já está sendo montado antes do resultado do julgamento.
Manifestaram-se ainda contra o impeachment os senadores Donizeti Nogueira (PT-TO), Telmário Mota (PDT-RR) e Regina Sousa (PT-PI). O único dos presentes a se manifestar favorável ao impeachment foi o senador Hélio José (PMDB-DF), que garantiu que Temer vai preservar os direitos sociais.
Retrocesso
Representantes de entidades de trabalhadores que discursaram no Plenário demonstraram sua preocupação com o retrocesso de direitos conquistados caso haja mudança no governo. O representante da Associação Latino-Americana de Juízes do Trabalho, Hugo Melo, alertou para a existência de 55 projetos de lei tramitando no Congresso Nacional com o objetivo de reduzir os direitos dos trabalhadores. “Vão passar o golpe de qualquer jeito, mas não passarão o retrocesso social no Brasil, porque nós não aceitaremos”, disse.
Entre as iniciativas denunciadas durante a sessão estão o projeto da terceirização, a proposta de emenda à Constituição do trabalho escravo, a ideia de que o negociado prevaleça sobre o legislado e a reforma da previdência. O representante da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip), Floriano Martins de Sá Neto, afirmou que os auditores defendem um reajuste da tabela do Imposto de Renda maior do que os 5% anunciados por Dilma. “Existem os recursos e não precisaríamos agora estar discutindo redução dos direitos sociais”, afirmou.
Agência Senado / Assessoria.