Representantes das autoridades estatais que fiscalizam
o trabalho escravo e dos agentes policiais federais que acompanham as operações
pediram mais condições para operar de forma segura, em audiência pública na
Comissão de Direitos Humanos nesta segunda-feira (4).
No debate requerido pelo senador Paulo Paim (PT/RS),
os agentes públicos alertaram sobre a onda conservadora no país que pretende
retirar direito dos trabalhadores e regularizar o trabalho escravo.
— A onda conservadora que está acontecendo é
assustadora. Eles querem vir com tudo neste momento de instabilidade política
que o Brasil passa. Vai ser o mundo cão daqui para frente, com negociado sobre
legislado, que acaba com a CLT. Com a reforma da Previdência, já falam em levar
a fórmula para 105/95. É uma covardia —, criticou o senador gaúcho.
O ataque, em maio, a uma diligência do Grupo Especial
de Fiscalização Móvel (GEFM) em São Félix do Xingu (PA), motivou a realização
da audiência. A ação colocou em risco a vida de fiscais e auditores do trabalho
e de policiais rodoviários federais. A impunidade aos mandantes da chacina a
uma equipe do grupo em Unaí (MG), em 2004, também foi lembrada com pesar.
Segundo Fábio Leal Cardoso, procurador regional do
trabalho e supervisor da Gerência de Segurança Institucional do Ministério
Público do Trabalho, não é correto que os agentes públicos comprometam sua
própria segurança pessoal em ações que considera “idealistas”. Para ele, os servidores
cumprem a missão de levar cidadania aos rincões mais remotos ao combater a
escravidão moderna.
— Que nossos dirigentes encarem a segurança como uma
prioridade. Se já existe um risco inerente aos órgãos de fiscalização do
Estado, quando se fala em combate e erradicação ao trabalho escravo, estamos
falando em um nível de criticidade desse risco que é bastante elevado —,
comentou.
Projetos
Os participantes da audiência pública repudiaram
propostas em tramitação no Congresso. O PLC 30/2015, mais conhecido como
projeto da Terceirização, também foi condenado pelos participantes, por
facilitar a institucionalização do intermediador da mão de obra escrava e
dificultar a identificação dos contratantes. No entanto, eles pediram a
aprovação de outros projetos, como o PL 996/2015, ainda na Câmara, que inclui
como ação qualificadora nos crimes de homicídio o atentado contra magistrados e
juízes e membros do Ministério Público no exercício de sua função.
Luiza
Brunet
A CDH também aprovou uma moção de apoio à modelo e
atriz Luiza Brunet, que sofreu violência doméstica de seu ex-companheiro, o
empresário Lírio Parisotto, em 21 de maio, em Nova Iorque. Ela foi atingida com
socos e chutes, o que resultou em quatro costelas quebradas, algo “inadmissível
em todos os sentidos”, disse o presidente da comissão, senador Paulo Paim
(PT-RS).
O parlamentar ressaltou o apoio e a admiração pela
coragem de denunciar a violência, e que disse esperar que o exemplo sirva de
inspiração a outras mulheres.