A unidade dos trabalhadores caxienses na defesa dos direitos trabalhistas, da previdência social e das aposentadorias foi a tônica dos pronunciamentos dos dirigentes sindicais na palestra do senador Paulo Paim, “O Futuro da Previdência e das Aposentarias no Brasil”, na quinta-feira (18.8), lotando o auditório do Sindiserv. O tema preocupa os trabalhadores, tanto do setor público quanto do privado, que estão próximos do período de aposentadoria, devido à ameaças de aumento da idade mínima e do tempo de contribuição, e ainda a desvinculação do salário mínimo.
A atividade organizada pelo Sindiserv, com apoio de inúmeros Sindicatos de Caxias do Sul e região, alertou sobre as reformas trabalhistas que o governo do presidente interino, Michel Temer, está propondo. O presidente em exercício do Sindiserv, Luciano Roque Piccoli, abriu o evento saudando todos os trabalhadores e destacando a importância dos sindicatos estarem unidos em defesa da classe trabalhadora.
De acordo com Paim, o atual Governo busca tirar direitos e conquistas históricas dos trabalhadores para fortalecer o grande capital privado. Entre as medidas pretendidas por Temer, o senador critica, sobretudo, a alteração na idade mínima para 65 anos, tanto para homens quanto para mulheres do campo e da cidade. "Significa que quem começa a trabalhar com 18 anos, vai ter que colaborar com no mínimo 47 anos. Quando tu vincula idade com tempo de contribuição significa, por exemplo, que uma mulher que hoje se aposenta com 30 anos trabalhados, vai ter que trabalhar mais 17 anos”.
“Assusta qualquer um!", enfatiza. Entre outros tópicos o Senador destacou ainda a caça de aposentadoria por invalidez e auxílio doença e a possível retirada de pensão de viúvos. Assunto comum na mídia, o "déficit da previdência" é, segundo o Senador, uma farsa. Ele aponta que alterar direitos e conquistas trabalhistas, tais como 13ª salário, férias, horas extras, fundo de garantia, licença maternidade e paternidade, não vão resolver o problema do país. "Sabe quanto é a dívida ativa que eles têm que pagar para a União e não pagam? R$ 1,5 trilhão. E tudo é levado em “banho maria”, porque é o grande capital quem deve. Com uma fiscalização dura arrecadaríamos R$ 250 bilhões a mais por ano, que iria para a seguridade e ajudaria a saúde, a assistência e a previdência. Enquanto que com a reforma que querem fazer, projetam arrecadar R$ 65 bilhões", analisa.
Ponderado, Paim destaca que a luta atual não é por avanço, mas simplesmente por resistência. Destaca a importância da união do movimento sindical para travar tais mudanças. "Se esse governo interino só quer o mal para o trabalhador, uma coisa pode ter certeza: ele conseguiu unificar o movimento sindical brasileiro. E é esse movimento que vai derrotar a reforma da previdência", exalta.
Na mesma linha de pensamento do senador, ao final do encontro, Piccoli anunciou o encaminhamento de uma moção de repúdio às Reformas da Previdência e Trabalhista, ao Congresso Nacional, assim como a criação de uma Frente Sindical da Serra Gaúcha em defesa da Consolidação das Leis Trabalhistas.
Além do Sindiserv, participaram do ato Sindisaúde, Sindicomerciários, Sindibancários, Sinpro, Sindilimp, SindijusRS, Sintep/Serra, Cpers/Caxias, Associação dos Sindicatos Rurais da Serra, Ministério do Trabalho/ Gerência de Caxias do Sul, Sindirodoviários, Sindicato dos Jornalistas e dos Metalúrgicos, e ainda as centrais sindicais CUT e CTB.
Fotos: Maurício Concatto e Fábio Becker.